Filme sobre bailarina trans aclamado pela crítica divide a opinião da comunidade LGBT

Recém indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, “Girl” será lançado mundialmente no catálogo da Netflix no próximo mês de janeiro. A obra vem chamando a atenção pela qualidade cinematográfica e pelas reações negativas de alguns ativistas LGBTs.

O filme co-produzido pela Netflix, conta a história real de Nora Monsecour, uma menina cuja transição de gênero chegou às manchetes da Bélgica quando tinha 16 anos e que sonhava em seguir carreira como bailarina. O longa marca a estreia do belga, Lukas Dhont na direção. Diretor e filme tem recebido duras críticas por parte da comunidade LGBT. Tanto pelo fato do ator que encarna a personagem Lara ser um ator cis como também por cenas consideradas violentas demais.

Nora Monsecour , a bailarina retratada em Girl

Para Nora Monsecour, que no filme se vê representada na personagem Lara, “Girl” conta a história da sua adolescência “de uma forma que não mente e também não esconde. Quem está criticando o filme está impedindo que outras histórias trans sejam compartilhadas com o mundo. Todos os dias vejo pessoas trans lutando por seus sonhos. Eles não são fracos ou frágeis. Dizer que a experiência da personagem não é válida por termos um ator cis ou por ter sido realizada por um diretor cis, acaba me ofendendo” escreve a trans retratada, em carta aberta ao Hollywood Reporter.

Para o diretor e para a bailarina, o filme contém cenas duras e honestas que podem ser perturbadoras de assistir, mas que são cruciais para mostrar as experiências vividas pela protagonista. “Quando uma personagem trans ou LGBT, surge quase sempre associada ao conflito com o mundo exterior. É o que vemos nos noticiários e ao redor. Por isso quis concentrar-me na personagem, no fato de ela ser sua maior antagonista. Ou porque o mundo funciona assim, ou porque há forças destrutivas dentro dela, queria que fosse uma personagem em diálogo consigo mesma” explica o diretor.

Lukas Dhont e o premio Câmera de Ouro de Melhor Filme em 2018

O diretor Dhont descreve que : “meu filme é feito com muito amor e com muito respeito e em um quadro maior, a todas as pessoas trans” em resposta as críticas que chamam seu filme de “perigoso” e “traumatizante”.

Apesar de nenhum plano formal ter sido anunciado, a Netflix considera adicionar um aviso tanto no início quanto no final do filme, da mesma forma que o serviço de streaming fez na série 13 razões. Dhont diz que ele endossa a ideia como de “grande valor”.

A bailarina Nora Monsecour, o diretor Lukas Dhont  e o ator protagonista Victor Polster

“Girl” vem trilhando seu caminho rumo à indicação do Oscar para Melhor Filme Estrangeiro. Os concorrentes ao Oscar serão conhecidos apenas no dia 22 de janeiro de 2019. Enquanto a cerimônia da próxima edição acontecerá no dia 24 de fevereiro. A obra venceu 4 categorias em Cannes, incluindo o prêmio Câmera de Ouro de Melhor Filme.

Assista o trailer

Sobre Redação

O EmpoderadXs é um site de informação e opinião voltado para as minorias sociais