Música para morrer de amor | Filme nacional sobre Triângulo amoroso estreia diretamente no circuito drive-in

Longa do Rafael Gomes estreia no circuito drive-in pelo país e em aluguel no streaming a partir de 20 de agosto

O cineasta Rafael Gomes queria fazer um filme. Fez uma peça que estreou com sucesso de crítica e público pela sua companhia, Empório do Teatro Sortido. O ano era 2010. Agora, “Música para cortar os pulsos” pula para a telona, muda a narrativa para o presente e estreia no cine drive-in como “Música para morrer de amor”.

Os conflitos amorosos de três jovens na casa de seus vinte anos se interconectam direta ou perifericamente e revelam os sentimentos de encontro, perda, desencontro e reencontro.

Mayara Constantino é Isabela, que gosta de Felipe (Caio Horowicz) e que é desejado por Ricardo (Victor Mendes). Isabela tem uma amizade profunda com Ricardo criada no grupo de teatro onde atuam e quando aparece na redação o novo estagiário Felipe, Ricardo sente a flechada em seu coração. Por sua vez, Felipe tem receio de se apaixonar então segue tateando relacionamentos para se descobrir.

Felipe (Caio Horowicz) e Ricardo (Victor Mendes) em Música para morrer de amor

A “Quadrilha” drummondiana que Rafael Gomes esboça tem linhas e nós que desenham o previsível. Se a escolha foi por clichès pois eles dizem a verdade, ele entregou o que prometeu, em parte. A porção de verdade cabe a cada um.

A triangulação amorosa entre uma mulher hétero, um homem presumivelmente hétero e um homem gay expõe as idas e vindas esperadas quando amizade se mistura com interesse romântico. Ninguém flerta além de seus limites e todos se reconhecem em suas posições. Os conflitos são familiares e as soluções já testadas e aprovadas muitas e muitas vezes anteriormente.

“Quando eu te vi, eu te amei. E você sorriu por que você soube.” Com esta linguagem a peça de Rafael Gomes atingiu o público dessa faixa etária com facilidade o que lhe rendeu o Prêmio APCA Jovem. O filme mantém o tom literário do texto com uma boa fotografia de Dhyana Mai que explora pontos reconhecíveis da nobre São Paulo.

Denise Fraga faz uma ponta como mãe de Felipe e Suely Franco é a avó de Isabela. As veteranas não conseguem, porém, levantar o nível preguiçoso das atuações do restante do elenco. A diferença é gritante e isso deixa o filme com padrão novelesco. Mayara Constantino e Victor Mendes participaram da montagem no Sesc Pinheiros em 2010 e especialmente Mayara foi elogiada pela crítica. Porém, algo se perdeu na versão cinematográfica.

Ao contrário do que o título sugere, as músicas não matam ninguém e não têm grande influência sobre os personagens. Um show de Milton Nascimento é interrompido por Felipe para se declarar para Isabela, num ápice de emoção. São utilizadas como pano de fundo e transição entre cenas, como parte do cenário ou da cena, numa conexão frágil com o enredo. Compõem um mosaico artificial. Visto que são inúmeros os filmes que emprestam o lirismo de músicas para compor narrativas no cinema, é quase automática a lembrança de Toda canção de amor de Joana Mariani, por exemplo, com um resultado mais coeso por que focou em excelentes atuações.

Para quem se envolver com o bom texto de Rafael Gomes, seu longa diverte e encanta. Para os fãs de música, há números com Maurício Pereira em dupla com Maria Gadú, Fafá de Belém com o clássico da fossa “Abandonada”, Clarice Falcão, Cesar Lacerda e Tim Bernardes.

Porém, a perfeita combinação destes dois universos nem sempre funciona em Música para morrer de amor. O que deixa o longa a meio caminho entre a música e o amor. O espectador escolherá, enfim, qual caminho tomar.

Música para morrer de amor estreia no circuito de drive-in pelo país e em aluguel no streaming a partir de 20 de agosto.

Sobre Magah Machado

Paulistana, designer e analista de informação, entusiasta de expressões artísticas livres e autênticas na dança, cinema, música e fotografia como motores propulsores de mudanças no mindset careta e convencional