Empresa lança jogos que estimulam o diálogo sobre equidade, inclusão e respeito à diversidade

Na contramão dos jogos tradicionais que reforçam padrões da sociedade, a empresa \uia/ desenvolveu uma série de jogos lúdicos que possibilitam que seus jogadores reflitam sobre gênero, questões raciais, LGBTQIA+ e outros

Experiências lúdicas que nos fazem refletir sobre questões sociais, de gênero, raciais, de pcds, de LGBTQIA+s, entre outras. Este é o intuito da empresa \uia/ www.universouia.com.br, que produz e vende jogos para todas as idades que têm a diversidade como grande seu diferencial.

Fundada em meio a pandemia pela designer gráfica Thays Leonel e pela relações públicas Marina Takejame, a \uia/ surgiu com uma proposta de se tornar uma ferramenta de transformação social. Apostando em um pequeno negócio aderente às suas causas. A loja online da empresa é um lugar em que se encontram jogos, livros e objetos (presentes e lembrancinhas) com propósito, que vão além do consumo, por abordarem temas atuais e relevantes para a sociedade. O nome da empresa provém das vogais da palavra “lúdica”.

“O objetivo da \uia/ é trazer reflexões, questionando o status quo. Queremos pensar junto com as pessoas, incentivar o diálogo com crianças e adolescentes sobre equidade, representatividade, inclusão e respeito à diversidade, por meio de experiências lúdicas”, explica Thays. “É preciso naturalizar indígenas em contexto urbano, por exemplo, levar isso às pautas familiares e ao dia a dia, para que as crianças cresçam com isso”.

Ela lembra que jogos tradicionais, que marcaram e moldaram gerações, abordam um único modelo de família: branca, com esposa, marido e filhos, todos magros de cabelo liso. “Queremos ajudar as crianças a crescerem com exemplos reais, com variedades de corpos e pessoas com deficiência, por exemplo, para se tornarem adultos mais conscientes”, diz Thays. “Crescemos jogando War, Banco Imobiliário e Jogo da Vida. Nos treinaram para cumprirmos um roteiro de vida que faz a roda do sistema girar, sermos capitalistas e não cooperadores, naturalizarmos a guerra para resolução de conflitose por aí vai.”

Duelar

Com o mote “E se todo mundo pudesse ser tudo?”, o jogo de argumentação Duelo foi o primeiro desenvolvido pela \uia/, com consultoria da pedagoga Daniela Elias e do psicólogo Marcelo Carneiro e inspirado por pesquisas sobre equidade de gênero e raciais: “O feminismo nos levou ao antirracismo e a conceitos como interseccionalidade, e aprendemos que as opressões e discriminações em geral caminham juntas. Tudo isso mexeu e norteou a construção do jogo”, revela Thays.

A mecânica estimula o participante a falar ao grupo, convidando-o a defender uma personalidade: Ruth de Souza, MalalaYousafzai, Bob Marley, Angela Davis, Paulo Freire, Kiriku, Greta Thunberg. São 100 cartas de personagens e 60 cartas de ações inusitadas, com o objetivo mágico de “vestir a pele do outro, de maneira lúdica, tratando de temas sensíveis e urgentes.”, comenta Marina.

“Duelo ensina que, para ter um talento, desenvolver uma habilidade ou fazer algo muito bem-feito, o gênero, a raça e o físico não são determinantes” explica Marina. O jogo custa R$ 69, pode ser comprado com outros produtos (kits) e conta com versão reduzida a R$ 5 para impressão, na loja online da \uia/.

Famílias plurais

O 7famílias foi o segundo jogo lançado pela \uia/, em agosto de 2021, por meio de um bem-sucedido financiamento coletivo pela plataforma Catarse. É um jogo de cartas com 35 personagens – negros, pessoas com deficiência, LGBTQIA+, indígenas, casais homoafetivos e multietários, mães e pais solos, famílias adotivas ou não nucleares, com intuito de aumentar a representatividade de tipos de famílias brasileiras retratadas pelos jogos, atualizando a estética de brincadeiras tradicionais.

Cada grupo (naipe) do jogo foi desenhado por um dos sete ilustradores de diferentes histórias de vida e regiões do Brasil, convidados especialmente para o projeto e também diversos entre si: LGBT, hétero, trans, negro, indígena, pessoa com deficiência. Eles levaram, ao processo de criação dos personagens, suas próprias referências e visões de mundo, além dos toques estilísticos. Uma das ilustradoras é Natalia Lobo, indígena Tupinambá, que fez sua criação inspirada na própria família.

Parcerias

A loja online da \uia/ também revende produtos de outras marcas, que Thays e Marina veem como ferramentas aliadas para a transformação social, como livros da editora Boitempo. Eles podem ser encontrados avulsos (“O Capital Para Crianças”, de Joan R. Riera; “A Democracia Pode Ser Assim”, de Equipo Plantel) ou em kits com jogos da \uia/: “Meu Crespo É de Rainha”, de Bell Hooks, + Duelo. Também são encontrados na loja online:

Kit Feminista. Reúne três jogos sobre mulheres que revolucionaram o mundo. O kit contém, além do Duelo, o dominó Incríveis Inventoras, que apresenta mulheres que desenvolveram tecnologias e objetos que mudaram a história. O jogador precisa conectá-las, no menor tempo possível, às suas grandes invenções. Tem também o jogo de memórias Memorelas, com 15 brasileiras que fizeram história. Preço: R$ 165. 

Librários. São dois baralhos da linguagem visual: um de palavras em geral e outro específico de palavras do universo das artes. Cada uma delas tem uma palavra e uma foto da sua representação em libras. São três possibilidades de jogo para descobrir uma outra maneira de comunicar, falando com as mãos e ouvindo com os olhos. Preço: R$ 70. 

Próximos passos

Thays e Marina estão em contato com lojas de brinquedos educativos e escolas para venderem seus produtos. Estudam o lançamento de um jogo sobre memórias das palavras indígenas em parceria com fundações do setor. E irão revender o gibi Biribinhas, com histórias de personagens que, assim como os autores, moram na periferia.

A \uia/ mira em parcerias com empresas e instituições preocupadas com diversidade e inclusão para collabs de marcas, produção de jogos e de kits de fim de ano.

“Juntamente com esses parceiros, queremos buscar uma sociedade com mais equidade, representatividade e inclusão. Acreditamos no poder dos jogos como ferramenta de transformação social. Que narrativas transmitimos hoje para construir um futuro melhor para todos?”, indaga Thays.  

Encontre os jogos da \uia/ aqui:

www.universouia.com.br

www.facebook.com/universo.uia

www.instagram.com/universo.uia/

www.tiktok.com/@universo.uia?

www.universouia.com.br/youtube

Sobre Emílio Faustino

Formado em jornalismo, atua na área há mais de 15 anos. Amante da sétima arte, no YouTube apresenta o canal EmpoderadXs onde entrevista atores, diretores e ativistas. Atuou em empresas como Rede Globo e UOL, sempre com enfoque em cultura e ativismo. É diretor executivo e fundador do site EmpoderadXs, onde promove a união de minorias sociais e realiza seu sonho de dar voz para quem precisa.