13 mulheres pretas que marcaram a história do Brasil e merecem a sua admiração e reconhecimento

Conhecer a história dessas mulheres é uma das primeiras formas de luta e resistência contra o racismo

O mês de julho é especialmente utilizado para mobilizar, conscientizar e pautar a história das mulheres pretas, suas lutas e suas conquistas. Esse dia torna-se marco a partir do primeiro encontro de mulheres negras, latino-americanas e caribenhas que ocorreu em 1992 em Santo domingo, na República dominicana. Foi inspirado em Tereza de Benquela, que após a morte do marido passa a liderar o quilombo onde habitavam, resistindo juntamente com a comunidade até 1770 quando Luis Pinto de Souza Coutinho e suas forças destruíram o quilombo e a população quilombola foi morta ou capturada.

Desde que pisaram, obrigadas, nas terras que hoje chamamos o Brasil, as mulheres escravizadas enfrentaram aqui todo tipo de abusos, violências e crueldades, mas não sem resistir. Enfrentaram a estrutura patriarcal. o machismo, a tentativa de apagamento de sua história, sua cultura, suas religiões e costumes. enfrentaram a tentativa de silenciamento de suas vozes e suas lutas. Lutaram e resistiram, deixaram um legado de sabedoria e força para as mulheres pretas de nossa época que seguem seu exemplo no enfrentamento por uma sociedade igual em direitos e mais justa em vários sentidos.

Em meados da década de 70, desponta no Brasil o movimento feminista de mulheres negras apontando a importância de que se pautasse além da questão do gênero a especificidade da raça. As mulheres pretas nessa luta começam a reivindicar igualdade salarial entre mulheres brancas e pretas, começam a pautar o sexismo, começam a lutar pela ocupação dos espaços de saber e poder onde as mesmas pudessem ser representadas.

Essas lutas alcançaram muitas conquistas e tem avançado, ainda que enfrentando todas as dificuldades impostas pelo racismo e machismo estrutural. Mas ainda há um caminho longo a se percorrer. Segundo o Geledés dados da Agência Nacional de Cinema (ANCINE) apontam que, as mulheres pretas, em 2016, ocuparam apenas 5% do elenco cinematográfico dos 142 longas-metragens analisados pela pesquisa.

A pesquisa ainda aponta que dos 142 filmes produzidos em 2018 apenas 28 foram produzidos por mulheres e nenhum por mulheres pretas. Dos comerciais feitos por mulheres 70% são ocupados por mulheres brancas enquanto 17% por mulheres pretas. Mulheres pretas são apenas 2% no congresso Nacional e 1% na Câmara dos Deputados. São as mulheres pretas que tem maior dificuldade em conseguir patrocínios no esporte e são elas, apesar dos avanços, as menos ouvidas no spotify.

Nesse sentido, com o propósito de que essas lutas sejam cada dia mais conhecidas e mais inspiradoras. Na intenção que as desigualdades aqui pautadas sejam conhecidas e combatidas e que muitas mulheres possam se ver representadas, apresentamos algumas das muitas mulheres pretas que contribuíram e ainda contribuem para a história desse país.

Confira a nossa lista com as 13 mulheres pretas que marcaram a história do Brasil:

Aqualtune

Imagem ilustrativa. Crédito: Marc Ferrez, 1885 (Domínio Público)

Segundo a tradição, Aqualtune era princesa no Congo quando seu pai perdeu uma guerra entre tribos e juntamente com outros guerreiros todos foram vendidos como escravos. Aqualtune foi levada a Porto Calvo (Pernambuco) como escrava reprodutora. Conseguiu fugir para o quilombo de Palmares onde foi reconhecida por sua origem. Aqualtune foi mãe de Ganga-Zumba (líder em Palmares) e avó de Zumbi dos Palmares. Gozou de grande influência e prestígio. Faleceu em uma emboscada promovida pelos paulistas.

Dandara

Imagem: Jarid Arraes/Divulgação


Dandara foi, segundo contam as tradições e mitos, uma mulher destacada no quilombo de Palmares. Trabalhava, lutava capoeira e era líder de guerreiras e guerreiros nas empreitadas contra os engenhos para a libertação de seus semelhantes. Ficou conhecida também por ser pouco a favor de negociações com os senhores de engenho e por ser radical em suas ideias. Era parceira de Zumbi. Ao que tudo indica foi morta com outros quilombolas em 06 de fevereiro de 1694.

Margareth Menezes

Margareth Menezes (foto: Reprodução)


Nascida em Salvador, Margareth, cantora e compositora, é uma das vozes mais potentes do Brasil. Conquistou dois troféus Caymmi, dois troféus Dodô e Osmar, foi indicada ao Grammy Awards e Grammy Latino. A cantora já realizou 21 turnês mundiais e foi considerada pelo Los Angeles Times como a Aretha Franklin brasileira. Suas músicas são símbolo de resistência e representatividade da cultura afro-brasileira e das religiões de matriz africana.

Elza Soares

Elza Soares (foto: divulgação)


Elza nasceu no subúrbio do rio de Janeiro, lugar hoje conhecido como vila Vintém. Passou por muitas dificuldades sendo obrigada por seu pai e se casar muito cedo e sofrendo agressões durante seu relacionamento com Garrincha. Elza é uma das vozes que tem dado destaque à luta das mulheres. Elza trabalhou em orquestras, rádios e foi representante do Brasil na copa do mundo no Chile. Em 2000 foi considerada pela BBC em Londres como a melhor cantora do universo.

Taís Araujo

Taís Araujo (foto: reprodução gshow)

Taís estreou em 1995 como protagonista da novela Tocaia Grande (extinta Rede Manchete), assumindo logo em seguida o papel de Xica da silva. Foi a primeira protagonista negra de uma telenovela da Globo, interpretando Preta em Da Cor do Pecado. Recebeu um prêmio em Nova York por ser uma das 100 pessoas mais influentes com menos de 40 anos. Recebeu o prêmio Cláudia, promovido pela revista Cláudia da editora Abril. Ativista pela igualdade de direitos na sociedade, Taís foi vítima de racismo em suas redes sociais, mas não abaixou a cabeça seguindo firme em sua luta.

Marta

A jogadora brasileira Marta (foto: ONU Mulheres/Ryan Brown)

Jogadora de futebol, atua como atacante ou meia-atacante, jogando atualmente no Orlando Pride (time estadunidense). Marta foi escolhida como melhor jogadora do mundo por 6 vezes, 5 delas consecutivas. É a maior artilheira da seleção brasileira (masculina e feminina) contando com 110 gols.

Daiane dos Santos

Daiane dos Santos (foto: reprodução Mozaico Negro)

Daiane é ex-ginasta brasileira que competiu em diversas copas mundiais levando 9 medalhas de ouro. Primeira ginasta brasileira, entre homens e mulheres, a conquista ouro em uma edição do Campeonato Mundial. Foi a primeira ginasta do mundo a realizar dois movimentos que hoje leva seu nome.

Djamila Ribeiro

Djamila Ribeiro (foto: reprodução revide)

Jornalista e filósofa, Djamila é feminista e escritora, atuante na luta contra as estruturas machistas e racistas. Escreveu o prefácio para a tradução brasileira do livro Mulheres Raça e classe, de Angela Davis. Djamila escreveu três livros que tem se tornado leituras fundamentais para entender as lutas antirracistas e contra o machismo no Brasil. São eles: Pequeno Manual Antirracista, Quem Tem Medo do Feminismo Negro e Lugar de Fala. É uma combatente incansável na luta contra as estruturas de opressão.

Carolina Maria de Jesus

A escritora Carolina Maria de Jesus (Foto: Reprodução)

Nascida em 1914, Carolina se muda para São Paulo após a morte da mãe. Aos 33 anos, desempregada e grávida ela se muda para Canindé onde trabalhava como catadora de papelão e nos materiais que encontrava anotava as vivências e experiências cotidianas da favela. Um desses diários da origem ao seu primeiro livro Quarto de Despejo – diário de uma favelada. Três anos depois publica Pedaços de Fome e Provérbios. Carolina morreu em 1877 de insuficiência respiratória. Obras póstumas baseadas em anotações da escritora forma publicadas algum tempo depois. Também foi publicada Carolina – uma biografia, por Tom Farias.

Monique Evelle

Monique Evelle (foto: Diva Nassar/divulgação)

Aos 16 anos Monique fundou a ONG Desabafo Social que tem como principal objetivo o investimento na educação em Direitos Humanos. A organização hoje está presente em vários 22 estados do Brasil. Foi considerada pelo jornal O Estado de S. Paulo como a nova voz do feminismo negro, considerada destaque com menos de 30 anos pela Forbes Brasil. Em 2015 ficou na lista das 30 mulheres com menos de 30 para ficar de olho, pela Revista Cláudia e portal MdeMulher. Recebeu o prêmio Laureate Brasil, pela Laureate International Universities. Foi entrevistada pela Revista Época para a edição 909 “Primavera das Mulheres”.

Danieli Balbi

Danieli Balbi (foto: reprodução aminoapp)

Danieli é uma mulher transexual e preta. A primeira mulher transexual a se tornar doutora pela Universidade Federal do rio de Janeiro (UFRJ). Dani Balbi, como é conhecida, leciona na graduação da Escola de comunicação ocupando a cadeira de comunicação e Realidade.

Érica Malunguinho

Érica Malunguinho (foto: reprodução facebook/EricaMalunguinho)

Educadora, feminista, transexual e negra, Érica é a primeira mulher transexual a entrar para o congresso estadual em seus 180 anos de existência. Foi eleita com 54.400 votos e está na linha de frente nas lutas contra LGBTQ+ foibia, racismo, machismo e por igualdade de direitos e justiça social.

Marielle Franco

Marielle Franco (foto: reprodução E Estadão/ Mário Vasconcellos)

Socióloga com mestrado em administração pública, Marielle foi feminista, lésbica, preta. Militante contra a violência policial contra pretos e pobres nas favelas. Marielle Franco foi vereadora no Rio de Janeiro e sua voz passou a incomodar aqueles que querem conservar as estruturas opressoras deste país. No dia 14 de março de 2018 Marielle e seu motorista Anderson foram assassinados pela milícia carioca. A luta de Marielle não morreu. Seu legado e força tem inspirado milhares de brasileiras e brasileiros a seguirem na luta para que o povo preto desse país viva em paz e igualdade, para que o sangue preto pare de ser derramado e não manche mais o nosso solo.

Sentiu falta de alguma mulher na nossa lista? Quantas das mulheres da nossa lista você já conhecia? Enriqueça essa matéria com os seus comentários <3

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