Eternos | Filme exalta a diversidade e apresenta o primeiro beijo gay do universo Marvel

Após 13 anos do início da MCU e mais de 23 produções, a Marvel finalmente estende a sua representatividade ao apresentar Phastos, um pai de família gay e preto

Não se enganem com as críticas negativas que vocês irão se deparar pela internet, infelizmente ainda incomoda muito quando um filme tem a coragem de apresentar um pouco mais do que personagens padrões e histórias apoiadas em explosões e efeitos especiais.

É claro que “Eternos” não abre mão de cenas épicas de ação e excelentes efeitos especiais, mas estes entram na história como pano de fundo para ajudar a contar uma história muito maior que suscita uma série de reflexões metafísicas como: de onde viemos, para onde vamos e qual o real propósito de nossa existência.

Mas afinal, o que são os Eternos? Os Eternos são uma raça de seres imortais que conviveram em segredo com a gente desde a antiguidade da Terra até os dias atuais protegendo a nossa espécie da ameaça dos Deviantes, seres que se alimentam de vida inteligente.

Desde a primeira cena do filme em que se explica a origem dos Eternos, fica claro que se trata de uma grande alegoria que faz referência a Bíblia. Isso é retomado em vários outros momentos da trama e dentro dessa analogia, fica mais fácil para o público entender que nessa história nós e os Vingadores somos os humanos, os Eternos são uma espécie de anjos da guarda que nos protegem especificamente dos Deviantes e, acima disso, tem uma espécie de Deus que controla a vida e passa as coordenadas dos que os Eternos podem e não podem fazer.

Mesmo muito poderosos, os Eternos não possuem autorização para intervir nos conflitos da Terra, o que os coloca em uma situação de observadores na maior parte do tempo. E, por algum motivo, que fica difícil entender eles amam os humanos. Mesmo assistindo centenas de conflitos e vendo bombas nucleares dizimarem milhares de vidas, eles desenvolveram uma admiração pela nossa imperfeição e mortalidade.

A nova aposta da Marvel é ousada por apresentar um elenco multiétnico que contempla desde personagens negros, indianos, chineses e latinos; E ainda abre espaço para o primeiro beijo gay do universo cinematográfico da Marvel. O suficiente para acionar os haters da internet que se incomodam em perder o monopólio de sua representatividade e dão um verdadeiro show de masculinidade frágil.

São exatamente os mesmos nerds machões que não podem ver um filme de uma heroína ser lançado que vão lá correndo dar nota baixa e criticar a produção. O que chega a ser irônico, porque tirando os filmes das heroínas, o que sobra para eles verem são homens fortes e sarados na tela.

Do ponto de vista técnico o filme é impecável, entrega efeitos especiais de qualidade e uma fotografia sensível que valoriza os belos cenários por onde a trama passa. A trilha sonora não é a mais original e em alguns momentos lembra muito a composição de Hans Zimmer para o filme Interestelar.

O destaque mesmo do filme fica para a profundidade que ele trás para o universo Marvel ao apresentar uma trama que questiona os propósitos de Deus e abre uma discussão de como o certo e o errado podem ser apenas uma questão de ponto de vista. Afinal, se os Deviantes são vilões para nós por nos comerem, nós somos vilões para as galinhas por comerem elas. No fim, todos estamos em busca de nossa sobrevivência.

Eternos é também uma crítica à fé cega e mostra de forma didática como uma crença pode separar pessoas que se amam. Algo que já acontece na vida real com os homossexuais ,que muitas vezes são expulsos de casa por conta da crença de seus pais, por exemplo.

À frente de seu tempo, Eternos entrega uma obra sensível, corajosa e divertida que possui uma mensagem poderosa sobre amor e união. É um filme de muitas camadas que talvez leve um tempo para ser totalmente absorvido pelas pessoas que o assistem hoje.

Confira o trailer do filme que estreia dia 4 de novembro nos cinemas:

Sobre Emílio Faustino

Formado em jornalismo, atua na área há mais de 15 anos. Amante da sétima arte, no YouTube apresenta o canal EmpoderadXs onde entrevista atores, diretores e ativistas. Atuou em empresas como Rede Globo e UOL, sempre com enfoque em cultura e ativismo. É diretor executivo e fundador do site EmpoderadXs, onde promove a união de minorias sociais e realiza seu sonho de dar voz para quem precisa.