O Homem que vendeu sua pele | Filme questiona o papel da arte e o valor de nossa humanidade

Estreia nesta quinta (7) nos cinemas a produção que representou a Tunísia no Oscar 2021, “O homem que vendeu a sua pele”, chega as telas tupiniquins trazendo uma história instigante e repleta de contrastes onde a arte questiona a própria arte

A trama retrata dois lados opostos do mundo, o mundo das artes e o mundo dos refugiados, um deles elitista, onde liberdade é a palavra-chave e, do outro lado, um mundo de sobrevivência impactado por acontecimentos atuais em que a falta de escolha é a preocupação diária dessas pessoas. E é justamente no contraste entre esses dois mundos que o filme acontece e faz uma reflexão sobre privilegiados e condenados.

O título do filme não poderia ser mais literal, sem muitas recursos para manter a sua subsistência Sam Ali concorda em vender suas costas para um artista mega badalado que tatua suas costas e uma vez feito de sua pele uma tela humana ele passa a ser de um refugiado marginalizado pela sociedade para um objeto de desejo para uma elite hiper-codificada da arte contemporânea.

De forma muito perspicaz, o filme nos faz refletir como um objeto pode ser muito mais livre que o próprio ser humano no mundo de hoje. Mérito da diretora Kaouther Ben Hania que idealizou a história e assinou o roteiro do filme. É interessante observar que o olhar sensível que ela trás para a história pode ter muito de sua vivência enquanto mulher, uma vez que numa sociedade extremamente machista como a nossa, não é incomum as mulheres serem tratadas como objeto.

“O homem que vendeu a sua pele” é um filme que vai muito além do papel de entreter, ele trás consigo uma gama enorme de reflexões pertinentes como o papel da arte e o valor de nossa humanidade.

Sem dúvida, uma excelente opção pra quem quer ver mais do que apenas explosões e efeitos especiais no cinema. Eu particularmente amo equilibrar os filmes hollywoodianos que enchem os olhos, com estas produções fora do eixo comercial que enchem o coração de um bom cinéfilo que ama uma boa história.

Vejam no cinema, vocês não irão se arrepender. Além de tudo que já compartilhei neste texto com vocês o filme ainda reserva muitas surpresas até o final.

Confira o trailer:

Sobre Emílio Faustino

Formado em jornalismo, atua na área há mais de 15 anos. Amante da sétima arte, no YouTube apresenta o canal EmpoderadXs onde entrevista atores, diretores e ativistas. Atuou em empresas como Rede Globo e UOL, sempre com enfoque em cultura e ativismo. É diretor executivo e fundador do site EmpoderadXs, onde promove a união de minorias sociais e realiza seu sonho de dar voz para quem precisa.