Emma Thompson vive cinquentona em busca de seu primeiro orgasmo em “Boa sorte, Leo Grande”

Filme aborda temas relevantes como o empoderamento do próprio corpo, machismo, preconceitos e auto aceitação.

Despretensioso e arrebatador “Boa sorte, Leo Grande”, mesmo com esse péssimo nome que chama atenção para Leo Grande (Daryl McCormack), o filme é focado na triste história de Nancy Stokes, uma professora aposentada de 55 anos, que após o falecimento de seu marido resolve ir em busca de seu primeiro orgasmo contratando um garoto de programa.

 Sim, porque a coitada viveu por décadas um relacionamento sexualmente frustrado, onde o sexo era feito sempre na mesma posição e o seu parceiro não se preocupava com o seu prazer.

Uma realidade triste que infelizmente deve gerar identificação em muitas mulheres, uma vez que vivemos em uma sociedade extremamente machista, onde a religião foi usada por séculos como ferramenta para reprimir o prazer das mulheres.

Embora a história se passe majoritariamente em um quarto de hotel,  ela nos envolve com excelentes diálogos e atuações. Em cena, Emma Thompson e Daryl McCormack, entregam uma química de milhões que contribui para que o espectador fique preso a história do começo ao fim em diálogos que passam por vários temas pertinentes como a aceitação do próprio corpo e a relação entre pudor e o prazer.

É muito enriquecedor ver em cena a personagem de Emma Thompson se desconstruindo de seus próprios preconceitos ao passo que vai se empoderando de seu próprio corpo. Fica nítido na trama que as mulheres não estão imunes de serem machistas, afinal, elas crescem neste mundo e muitas vezes sem perceber reproduzem alguns comportamentos e julgamentos machistas. A cena do reencontro entre a professora e uma ex-aluna neste sentido é uma verdadeira aula de como podemos reconhecer nossos erros e melhorar enquanto seres humanos em busca de evolução.

Quebrando uma série de tabus e barreiras internas, acompanhamos a evolução dos encontros entre Nancy e Leo Grande, conhecendo aos poucos um pouco mais dos dois por de traz dos personagens que ambos construíram na vida para se apresentar perante a sociedade.

 “Boa sorte, Leo Grande” é uma jornada de autodescoberta que mostra que nunca é tarde para ir em busca de viver novas experiências. Uma história leve, didática e prazerosa de se assistir.

É incrível que mesmo com tão poucos recursos, eles conseguiram entregar um filme necessário que encontra a sua relevância. De fato, às vezes menos é mais! Super recomendo!

Confira o trailer:

Sobre Emílio Faustino

Formado em jornalismo, atua na área há mais de 15 anos. Amante da sétima arte, no YouTube apresenta o canal EmpoderadXs onde entrevista atores, diretores e ativistas. Atuou em empresas como Rede Globo e UOL, sempre com enfoque em cultura e ativismo. É diretor executivo e fundador do site EmpoderadXs, onde promove a união de minorias sociais e realiza seu sonho de dar voz para quem precisa.