3ª temporada de Queer Eye desconstrói rótulos e atinge a sua maturidade

No começo de 2017 a Netflix anunciou que faria o reebot do programa Queer Eye for the Straight Guy, que nessa nova versão se chamaria somente Queer Eye. O anúncio trouxe um grande entusiasmo aos fãs e isso se mostrou nos número que as duas primeiras temporadas obtiveram no seu lançamento, ambas lançadas em 2018. Com a grande repercussão o serviço de streaming rapidamente confirmou a terceira temporada que acaba de estrear com oito novos episódios.

Para quem não sabe do que se trata o programa, ele acompanha cinco homens gays: Antoni Porowski, especialista em comida; Bobby Berk, especialista em design; Karamo Brown, responsável por cultura; Jonathan Van Ness, cabelo e cuidados pessoais; e, Tan France, o departamento de moda, na tarefa de ajudar um participante, a através de seus conhecimentos, a encontrar: autoestima, confiança, novas habilidades, controlar a intolerância e principalmente abrir a mente para o novo.

Os Pioneiros

Antes de analisar a nova temporada é importante fazer um breve apanhado dos cinco fabulosos do programa que deu origem a tudo isso. Queer Eye for the Straight Guy teve cinco temporadas exibidas entre 2003 e 2007 no canal Bravo e foi um enorme sucesso de crítica e publico, ganhou o Emmy, mas principalmente foi considerado um dos programas mais importantes dos Estados Unidos por colocar na sociedade do país o debate sobre a tolerância sexual.

Nos programas originais o intuito era somente ter cinco homens gays apresentando aos homens héteros um olhar mais eclético e sofisticado nos quesitos citados acima: culinária, moda, beleza, cultura e assim por diante, no Queer Eye da Netflix os cinco fabulosos ampliam o leque e colocam o ser humano no protagonismo do programa, independente do sexo.

As duas primeiras temporadas

Na duas primeiras temporadas com a ampliação dos personagens o debate chega a outros níveis e vemos relatados sobre: bullying, o racismo, a intolerância religiosa e diversas outras questões sendo debatidas nos episódios que vão do bom humor ao tom extremamente emocional das histórias apresentadas.

Terceira temporada

Certamente é a mais madura e consistente, pois os personagens escolhidos para serem ajudados pelos cinco fabulosos são riquíssimos. Impossível não se envolver em cada um dos oito episódios, neles vemos uma mulher que esqueceu de se cuidar e só pensa no trabalho, um pai de um adolescente que não consegue crescer a ponto de se intitular com a síndrome de Peter Pan, um outro pai viúvo com dois filhos pequenos que esqueceu de cuidar dele e da casa e assim por diante, são histórias humanas sobre dores que qualquer um pode sentir ao longo da vida. Nessas histórias os cinco fabulosos terão que lidar com abandono, racismo, preconceito, depressão, timidez e vários outros males que estão nos lares de muitos pelo mundo todo.

O interessante é como os cinco carismáticos apresentadores conseguem encontrar o tom certo para entrar na vida desses personagens e leva-los a um novo caminho. Com muita sabedoria, doçura e principalmente por eles terem sentido na pele muito dos problemas, o quinteto consegue encontrar soluções que além de ajudar o personagem central do episódio, certamente pode ser fundamental para tocar em alguém que está acompanhando o show.

Queer Eye é uma injeção de animo sobre o futuro, pois diante de um mundo recheado de notícias ruins, onde chegamos a questionar o ser humano como ser racional, ver um programa que desconstrói uma pessoa e mostra a sua vulnerabilidade diante da vida, e como um simples empurrão com uma palavra de amor pode transformar uma vida radicalmente. Chega quase a ser um compromisso “necessário” nos dias em que vivemos atualmente.

Confira o trailer da nova temporada:

Sobre Kadu Silva

Publicitário, administrador e cinéfilo desde sempre. Fundador e redator responsável pelo site Ccine10, o cinema como você vê, desde 2009.