MA | Thriller de terror questiona a padronização e apresenta vingança de vítima de bullying

Novo filme protagonizado por Octavia Spencer com direção de Tate Taylor é a segunda parceria da dupla. Parceria essa que já rendeu o Oscar de “Melhor Atriz Coadjuvante” para Spencer em “Histórias Cruzadas

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A trama acompanha Erica (Tate Taylor) e Maggie (Tate Taylor) mãe e filha que acabam de se mudar para a cidade natal de Maggie para recomeçar a vida depois de um divórcio. Nessa cidade Maggie faz amizade com um grupo de adolescentes na escola nova que a convidam para ir em um terreno isolado beber e se divertirem, como todos são menores de idade eles abordam pessoas na rua para comprarem bebidas alcoólicas para o grupo (A lei sobre menores consumirem bebidas alcoólicas nos Estados Unidos é bem severa e pode resultar em prisão). Em uma dessas abordagens eles conhecem Sue Anne (Octavia Spencer) a única que aceita comprar as bebidas, ela se aproxima dos jovens e cede o seu porão para os adolescentes beberem e fazerem festas sem serem incomodados e ganha o apelido de MA (denominação muito comum na cultura americana atribuída a figuras maternas). Depois de um tempo ela começa a ficar possessiva e ter atitudes bem extremas que são justificadas ao longa da trama.

A atuação de Octavia Spencer é algo a ser muito destacado pois ela dá um show e é impossível não tirar os olhos da tela quando ela está em cena, ela transmite sensações apenas com o olhar e nessa personagem um simples sorriso é bem assustador! Julliete Lewis também entrega uma boa atuação no papel de Erica a mãe de Maggie, os outros adolescentes do grupo não tem interpretações memoráveis ou que mereçam algum destaque, aliás você nem se importa com boa parte deles. O que faz com que a sua atenção fique focada no filme são as camadas psicológicas e comportamentais da personagem de Spencer.

“Ma” tem uma atmosfera de suspense e terror adolescente com algumas doses de gore, não é genial e não traz grandes inovações aos gêneros, porém não utiliza do mal das maiorias produções de terror atuais como o uso exaustivo de jumpscares. A tensão fica por conta da atmosfera de mistério que a narrativa vai construindo através dos acontecimentos atuais e flashbacks com fatos que explicam o comportamento sociopata de Sue Anne e a sua relação com todos os personagens daquela cidade. O longa levanta temáticas importantes que tem grande semelhança com fatos da vida real, os traumas e sequelas que o bullying pode causar na vida de alguém é a principal delas. Apesar de um recorte bem extremo o ponto de vista de alguém que sofreu um grande abuso pode de fato desencadear problemas de relacionamento, possessividade e sequelas psicológicas.

O longa trabalha muito com a ambiguidade entre sentimentos e noções de certo e errado do espectador, pois ao mesmo tempo que as coisas que Sue Anne fazem são absurdas e passíveis de punições a trajetória que a personagem tem até chegar na realização desses atos nos deixa com um pouco de empatia por ela, pois é um reflexo claro de uma vítima mesmo que bem maximizado. É muito representativo socialmente que o bullying apresentado na trama seja direcionado à uma mulher, negra e gorda não sei se foi algo premeditado que o diretor quis passar mas absorvi a mensagem de quais podem ser as consequências de oprimir alguém de uma minoria social e quais sequelas essa opressão pode gerar na vida das vítimas.

Confira o trailer do filme que já esta em cartaz:

Sobre Guilherme Gonçalves

Paulistano, 27 anos e diretor de arte. Atuou em agências do meio digital, atualmente com foco em comunicação visual e redes sociais. Apaixonado por música, cinema , séries, moda e tudo que desconstrua os padrões sociais estabelecidos.