A Lenda de Golem | Empoderamento feminino não salva terror de inconsistência narrativa

Dirigido por Doron Paz and Yoav Paz “A Lenda de Golem” é ambientado em um vilarejo na Idade Média e acompanha o cotidiano de um povoado judeu praticantes da Cabala. Acompanhamos a história de Hannah (Hani Furstenberg) e Benjamin (Ishai Golan) que lutam para ter um filho após a morte de seu primogênito em um acidente.

A região vem sofrendo com uma epidemia que tem causado diversas mortes, a doença faz a filha do líder do povoado vizinho de vítima devido à esse fato organiza um ataque ao vilarejo onde habitam Hannah e Benjamin causando terror e violência a população. Nesse cenário Hannah que é uma estudiosa da Cabala, mesmo que escondida pois o conhecimento em religião era proibida para as mulheres naquela época, sugere a criação de um Golem para proteger a população dos tiranos.

Hannah é uma personagem que se destaca por sua coragem e atitude principalmente se levarmos em consideração a época e sociedade em que ela vive. O estopim de todo o clímax da trama parte dela, mesmo sendo ridicularizada por todos os homens que a chamam de lunática e é vista como chacota, mesmo assim utiliza de seus conhecimentos para dar vida à criatura mística para proteger os habitantes de seu vilarejo.

Mesmo com um viés feminista bem claro “A Lenda de Golem” peca muito em erros de enredo e narrativa. Posso citar a motivação da invasão e sequestro do líder que habita o povoado vizinho, não faz muito sentido pois ele não tinha o conhecimento da existência de uma curandeira vivendo entre eles ou de existir uma possibilidade remota do povo ter uma possível cura definitiva para a epidemia, assim o estopim da própria criação do Golem acaba sendo infundada. Os efeitos especiais também deixam um pouco a desejar em algumas sequências onde é notável o uso de croma key e CGI de forma bem desleixada.

Além de muitas incongruências na própria lenda do Golem que é bem conhecida na região de Praga na República Tcheca até os dias atuais. De acordo com a lenda o Golem é uma criatura quase inanimada: não come, não dorme e não demonstra sentimentos… tudo isso são características presentes na criatura do filme.

Na minha perspectiva o erro principal do longa é tentar complicar demais e inserir detalhes desnecessários em uma lenda urbana que é extremamente simples, criando soluções muito convenientes e diversas muletas de roteiro, tudo é resolvido muito facilmente, mesmo se tratando de um universo desconhecido na prática por todos os envolvidos daquela situação. Parece que o objetivo de enriquecer a trama é tão desesperador que acaba deixando tudo extremamente cansativo e com muitas pontas soltas.

“A Lenda de Golem” estréia em 13 de Junho nos cinemas, confira o trailer:


Sobre Guilherme Gonçalves

Paulistano, 27 anos e diretor de arte. Atuou em agências do meio digital, atualmente com foco em comunicação visual e redes sociais. Apaixonado por música, cinema , séries, moda e tudo que desconstrua os padrões sociais estabelecidos.