5 assustadoras semelhanças entre a trajetória de Bolsonaro e do Coringa

O filme “Coringa” segue em cartaz nos cinemas quebrando vários recordes e mobilizando um debate muito importante sobre o papel da sociedade na criação de seus próprios “vilões”. Na trama, Arthur Fleck tenta se integrar em uma sociedade que lhe tira as condições básicas para manter a sua sanidade e dignidade, se tornando mais tarde no Coringa que já conhecemos.

Pensando nisso, destacamos 5 semelhanças e ligações entre a trajetória de Coringa e do Bolsonaro, para que num futuro possamos repensar nossas atitudes e evitar a ascenção de “monstros” em nossa sociedade.


Piadas sem graça

Uma das grandes marcas deste Coringa, é o fato dele tentar ser engraçado sem sucessso. Arthur Fleck bem que tenta espalhar a felicidade que ele mesmo não conhece, mas suas piadas mórbidas não conseguem promover risadas do público. Não muito distante dessa realidade, temos o Bolsonaro com suas piadas racistas, homofóbicas e machistas, que mesmo constragendo e ofendendo vários grupos de pessoas consegue tirar risada do público. Uma ótima oportunidade aqui para questionar a sanidade desse público que ri daquilo que ofende e machuca os outros.

Desiquilibrio Mental

Se de um lado temos um personagem socialmente desajustado que toma 7 remédios diferentes para tentar manter o pouco que lhe resta da sua sanidade mental. Do outro, temos uma figura que em 1986 se queixava do salário de capitão e articulou planos para que oficiais provocassem explosões em quartéis e em alguns pontos do Rio de Janeiro. Imagina que loucura seria se todo mundo que estivesse insatisfeito com o seu próprio salário explodisse suas respectivas instituições?!

Cortes na Saúde, Educação e Cultura

Aqui não temos uma semelhança em si entre os personagens, mas sim uma ligação nas histórias. De um lado temos um Arthur Fleck recebendo a notícia que a verba para a saúde foi cortada pelo governo, o deixando sem remédios e assistência profissional para lidar com seus problemas mentais. Do outro, temos Bolsonaro que fez cortes gigantescos na saúde, educação e cultura. Ao cortar as verbas dessas ferramentas indispensáveis para a manutenção da lucidez da população, uma vez que a saúde previne, a educação promove o conhecimento e a cultura estimula o pensamento crítico, Bolsonaro cria um quadro autosustentável de ignorância, que gera falta de oportunidades e perspectiva das pessoas. Um quadro não muito diferente ao qual o personagem Arthur Fleck se encontrava antes de fazer a sua transição para o Coringa.

Isso mesmo, estamos em uma socidade propricía para o surgimento de novos “Coringas”.

Armas

Se de um lado temos um Bolsonaro que se elege com a bandeira de facilitar a posse de armas, do outro lado temos no filme “Coringa” um alerta claro do perigo que uma arma nas mãos erradas pode fazer. Mais uma vez, o governo de Bolsonaro contribui para o surgimento de novos Coringas.

O Perigo da visibilidade gerada pela mídia

A trajetória de Bolsonaro e do Coringa tem a sua grande virada neste tópico. Apresentados pela mídia primeiro como piadas prontas, eles usam dessa visibilidade como palanque para atrair a atenção de pessoas extremistas que compactuam com seu discurso de ódio. Tal ódio se camufla em uma bandeira maior onde os fins irão justificar os meios. No filme, a luta é contra os ricos que precarizam a vida dos pobres. Na vida real, Bolsonaro aproveita da rejeição do PT para surgir como solução contra a corrupção. O que gera em ambos os quadros um cenário totalmente polarizado que dificulta o diálogo entre as partes.

Dito tudo isso, é importante salientar que o Coringa não é de esquerda e nem de direita, ele é louco e isso pode ocorrer em qualquer um dos lados. Afinal, o único lado que essas pessoas conseguem pensar é o delas mesmas. Cabe a nós refletirmos, se mesmo sem perceber, também não estamos contribuíndo para o surgimento de novos Coringas.

Sobre Emílio Faustino

Formado em jornalismo, atua na área há mais de 15 anos. Amante da sétima arte, no YouTube apresenta o canal EmpoderadXs onde entrevista atores, diretores e ativistas. Atuou em empresas como Rede Globo e UOL, sempre com enfoque em cultura e ativismo. É diretor executivo e fundador do site EmpoderadXs, onde promove a união de minorias sociais e realiza seu sonho de dar voz para quem precisa.