Aves de Rapina | Muito além da ação, filme dá show de sororidade e empoderamento

Ela esta de volta!  Linda, eloquente e de um  jeito torto, porém extremamente carismática e empoderada. Se descolando totalmente da figura do Coringa e principalmente do filme que lhe deu origem “Esquadrão Suícida”, Arlequina ganha profundidade em um filme que explica melhor suas habilidades, origem e motivações.

Aves de Rapina surpreende positivamente por ser o extremo oposto de Esquadrão Suicida, entregando um roteiro muito bem elaborado, onde a formação do novo grupo ocorre de forma estruturada, divertida e dinâmica.

Através de uma narração que acompanha o espectador do inicio ao fim do filme, Arlequina mostra público que é muito mais inteligente do que aparenta, revelando sua  formação em medicina e especialização em psiquiatria. Uma informação crucial para explicar a complexa relação dela e de seu antigo paciente e namorado: o Coringa.

Tendo como ponto de partida da história um pé na bunda do namorado, o filme cresce bastante ao explorar os comentários de uma narradora que ao mesmo tempo que é insana, também esbanja uma série de conhecimento ao decifrar com base em sua formação o comportamento de seus oponentes.

Intercruzando a história de Arlequina, o filme desenvolve as demais personagens sem perder o ritmo e mostrando que independente da posição social, cor ou lado que se esteja, as mulheres de uma forma de outra acabam sendo alvo do comportamento machista de nossa sociedade.

E de uma forma muito sútil, o filme mostra como mulheres tão diferentes podem sim se admirar em alguma esfera e se unir na luta (aqui literalmente) contra o machismo. É muito interessante observar o ar de sororidade que o filme transborda, não existe espaço para a rivalidade, pois elas entendem que possuem um inimigo em comum.

Destaque para a cena onde em meio de uma luta a personagem Arlequina percebe que a Canário Negro esta com a sua performance prejudicada por conta de estar com o cabelo solto e empresta (enquanto bate em vários homens) um laço de cabelo. Uma cena absolutamente trivial, mas que diz claramente: eu sei o que é ser mulher e entendo pelo o que você esta passando.

Adicione a essa trama, cenas de ação que esbanjam cores e uma coreografia de luta de tirar o fôlego e você terá um filme que ao mesmo tempo que entretem maravilhosamente bem, também nos traz excelentes e pertinentes reflexões.

O humor e a atuação hipnotizante da Margot Robbie, e o carisma das demais personagens também são outro ponto alto do filme, conseguindo tirar boas risadas do público. É divertido, é empoderador e é surreal que um subproduto de um filme tão ruim (Esquadrão Suicída) tenha rendido um filme tão bom que soube não se levar a sério e divertir o público.

Parabéns para a DC que se reinventou desde Aquaman e vem emplacando ótimos filmes como Shazan e Coringa.

Talvez o segredo do sucesso de Aves de Rapina tenha sido empoderar, sem perder a essência eloquente de uma personagem que faz sim escolhas erradas e que tem sim uma série de problemas de caráter. Não caindo no erro de humanizar tanto a personagem, à ponto de você não conseguir mais reconhecer ela, como acontece em “Malévola”, por exemplo, que é qualquer coisa, menos uma vilã.

Aves de Rapina estreia nesta quinta (6) nos cinemas e é um filme que vale à pena ver no cinema para aproveitar a bela fotografia e as cenas de ação!

Confira o trailer:

Sobre Emílio Faustino

Formado em jornalismo, atua na área há mais de 15 anos. Amante da sétima arte, no YouTube apresenta o canal EmpoderadXs onde entrevista atores, diretores e ativistas. Atuou em empresas como Rede Globo e UOL, sempre com enfoque em cultura e ativismo. É diretor executivo e fundador do site EmpoderadXs, onde promove a união de minorias sociais e realiza seu sonho de dar voz para quem precisa.