PM filmado beijando outro homem no Metrô pedirá 1 milhão de reais por danos morais

Leandro Prior teve sua intimidade invadida quando foi filmado enquanto beijava outro homem. Após a exposição, sofreu ataques homofóbicos e ameaças de morte, algumas inclusive de próprios colegas de trabalho.

Soldado da Polícia Militar de São Paulo (PMSP), pediu afastamento por razões médicas após a divulgação, sem sua autorização, nas redes sociais de um vídeo em que ele beija um homem.

As imagens mostram Leandro fardado se despedindo de um amigo com um “selinho” na Linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo. A cena foi filmada, sem o conhecimento dos envolvidos por um passageiro e divulgada nas redes sociais, gerando centenas de comentários homofóbicos. Segundo o advogado José Beraldo, que representa o PM, seu cliente recebeu diversas mensagens e ligações com ameaças de morte. As intimidações vão desde promessas de violência física até atentados contra a vida do rapaz. Em uma das mensagens recebidas pelo soldado, um colega de farda diz desejar matá-lo a pedradas.
Em nota, a PMSP informou que o policial procurou o serviço médico da instituição e foi encaminhado para tratamento de saúde. Segundo a corporação, as ameaças feitas ao PM estão sendo apuradas e as medidas protetivas foram colocadas à disposição do soldado, que está na corporação há quatro anos.
Para o advogado José Beraldo, não há nada na atitude do PM que mereça repreensão. “Não foi um beijo lascivo, não foi atentado contra o pudor. Ele se manifestou beijando um amigo de um jeito discreto”, afirma, ressaltando que seu cliente tem “conduta ilibada” na Polícia Militar.
“Há pouco tempo, ele salvou a vida de um empresário durante um assalto. A vida profissional de uma pessoa é uma coisa, a pessoal é outra, e tem que ser respeitada em sua plenitude. Ele é uma pessoa honrada que está sendo vítima de crime de ódio”, acrescenta.
Segundo a PM, a conduta do policial no metrô será apurada exclusivamente sob o aspecto administrativo, “pois demonstra postura incompatível com os procedimentos de segurança que se espera de um policial fardado e armado, que exigem que esteja alerta”, informou a assessoria da Secretaria de Segurança Pública.
Um boletim de ocorrência foi registrado nesta terça-feira (3) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e o caso será levado à Justiça para que o Google e o Facebook informem quem foi o autor da primeira postagem. “Vamos pedir a obrigação da retirada do vídeo sob pena de R$ 1 milhão a título de danos morais para o Leandro”, adianta o advogado.

“A vida particular dele não se confunde com a profissão. A condição de gay não se mistura com a atuação na Polícia Militar. São todos seres humanos iguais perante a lei”, disse o advogado. “No Exército, na Marinha, na Aeronática existem gays, a gente tem de parar com essa hipocrisia e com essa homofobia. A Constituição proíbe a discriminação, o preconceito . O que o Leandro está sofrendo é crime de ódio”, concluiu.

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