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Entender a origem da instituição, e a história do Brasil nos ajuda a entender porque temos uma polícia tão violenta com a população preta e tão condescendente com os brancos até os dias de hoje
A violência policial no Brasil, apesar de uma prática histórica, vem ganhando as mídias nos últimos meses, escancarando seu caráter racista. É preciso entender a ideologia por trás desse comportamento e fortalecer a luta no combate ao racismo.
A origem da polícia brasileira está na chagada da família real ao “Brasil” em 1808, quando é criada a Guarda Real, que recrutava homens livres das classes baixas e davam a essa Guarda a função de conter revoltas e rebeliões escravas e proteger o patrimônio dos senhores brancos. Desde sua origem a polícia tem uma função objetiva, proteger brancos e ricos. Isso fica mais nítido com a implantação da disciplina militar que visava afastar os homens recrutados nas camadas baixas de suas relações com seus semelhantes, para que pudessem cumprir o objetivo determinado pelo império brasileiro.
Após a abolição da escravidão em 1888 os pretos e pretas libertas não recebem nenhum amparo que amenize os prejuízos causados pela escravidão de mais de 300 anos. Essas populações são então marginalizadas nos espaços urbanos e cria-se a lei da vadiagem e da vagabundagem que visava conter aqueles que fossem pegos sem trabalhar. No entanto, só se encaixavam nessa lei aqueles que eram desempregados e não possuíam patrimônio relevante, ou seja, pretos e pretas recém libertas. Nesse período muitos imigrantes europeus chegam ao Brasil e documentos mostram que o tratamento dispensado aos mesmos pela polícia era mais brando do que aos povos pretos recém libertos.
O Brasil tem hoje a polícia que mais mata e mais é morta. Isso se dá por uma série de fatores. Segundo o Portal Geledés em casos de mortes provocadas por policiais 61% das mortes são de pessoas pretas e 57% dessas pessoas tem menos de 24 anos. A cada quatro mortes provocadas por policiais 3 são de pessoas pretas De acordo com o site alma Preta, 65% da população encarcerada hoje no Brasil é de pessoas pretas. O site exame, em pesquisa, aponta que 71% dos pretos pegos com drogas, na maioria das vezes quantidades que não os enquadra no tráfico, são condenados pela justiça, enquanto as condenações para brancos é de 67%.
O Estado continua recrutando e treinando agentes para proteger brancos e ricos e para manter em lugar de subordinação pretos e pobres. Os casos recentes de violência policial contra pessoas pretas nos mostram que para esse mesmo Estado, para as classes altas e parte da população vidas pretas não importam, para alguns desses são até descartáveis, “a carne mais barata do mercado”. Em contrapartida, há resistência, sempre! A luta continua para que pretos e pretas tenham o direito assegurando de viver e existir e ocupar espaços que também são seus. Houve luta no passado e continuaremos lutando enquanto for necessário.
