Apesar de apoio crescente, jovens LGBTs ainda se sentem inseguros e indesejados

USNEWS, 15 de maio — O apoio aos direitos e proteções legais para as pessoas LGBTQs estão em níveis históricos, mas muitos jovens gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros ainda relatam se sentirem inseguros ou indesejados em suas escolas, comunidades e famílias.
Em uma pesquisa nacional com mais de 12.000 adolescentes LGBTQs de 13 a 17 anos, conduzida pela Human Rights Campaign e por pesquisadores da Universidade de Connecticut, quase 8 em 10 relataram terem se sentido deprimidos ou tristes na semana anterior, enquanto apenas um quarto disse se sentir seguro na escola.
Quase todos – 95% – disseram que tiveram problemas para dormir à noite e 86% classificaram seu estresse médio em cinco ou mais na escala de um a 10. Segundo a pesquisa, realizada entre abril e dezembro de 2017, apenas 41% dos 77% que relataram sentimentos recentes de depressão disseram que receberam aconselhamento psicológico ou emocional no ano passado.
Muitos entrevistados – especialmente os que são transexuais – descreveram ter medo de expressar suas identidades na escola, relataram bullying de seus colegas e falta de apoio de adultos. Sem apoio afirmativo de professores e conselheiros, muitos dos adolescentes disseram aos pesquisadores temerem ser expostos – para suas famílias ou comunidades – e, assim, colocados em risco de serem rejeitados de suas casas ou até mesmo correrem riscos de integridade física ao pediram orientação à equipe escolar.
Os adolescentes transgêneros descrevem esses medos como disruptivos e isoladores. Menos de um terço – 31% – dizem que são capazes de se expressar de uma maneira que reflita completamente sua identidade de gênero na escola, com apenas um em cada três dizendo que podem usar o nome que reflete sua identidade de gênero e apenas um em cada cinco dizendo serem capazes de sempre usar seus pronomes corretos.
Mais da metade dos adolescentes trans e de gênero não-conformes disseram que não podem usar o banheiro ou o vestiário da escola que se alinhem com sua identidade.
Quase dois terços dos adolescentes transgênero dizem que evitam usar o banheiro na escola sempre que possível, mas quando precisam, usam um banheiro que não corresponde à sua identidade. Um quarto dos estudantes diz que pula a educação física para evitar tomar banho ou trocar de roupa em frente a seus colegas; outros 19% dizem que não se trocam nem tomam banho, mesmo quando deveriam.
Poucos estudantes LGBTQ relatam sentir que suas escolas têm promovido ambientes seguros e inclusivos, com apenas 27% que dizem que podem “definitivamente” ser eles mesmos na escola. Apenas 12% dizem ter recebido informações sobre saúde sexual ou sexo seguro, que são relevantes para as pessoas LGBTQ, e apenas 5% dizem sentir que todos os seus professores e funcionários da escola apoiam as pessoas LGBTQs.
Como resultado, muitos adolescentes LGBTQs dizem já terem tido experiência com assédio sexual: 11% dizem ter sido estuprados ou atacados sexualmente por causa de sua identidade; 20% disseram que tiveram um encontro sexual indesejado no ano passado.
Mais de sete em cada 10 dizem ter sofrido ameaças verbais por causa de sua identidade LGBT percebida ou real; quase oito em cada 10 dizem ter recebido comentários sexuais indesejados, piadas ou gestos no ano passado. Três em cada 10 dizem que foram fisicamente ameaçados por causa de sua identidade, incluindo 50% das garotas transexuais.
No total, 70% dos jovens LGBTQs dizem que foram vítimas de bullying na escola por causa de sua orientação sexual, incluindo 43% que dizem que o bullying aconteceu no ano passado.
Nem se sentem mais desejados em casa: dois terços dos jovens LGBTQs dizem que ouviram familiares fazerem comentários negativos sobre pessoas como eles; e quase a metade – 48% – daqueles que estão fora de casa dizem que foram levados a se sentir mal em relação à sua orientação sexual ou identidade de gênero.
“Apesar da mudança nas atitudes sociais, eles ainda estão lutando”, disse Ryan Watson, professor assistente da Universidade de Connecticut e um dos pesquisadores do estudo, ao The Washington Post. “Ainda vemos disparidades e experiências alarmantes, problemas de saúde mental desanimadores e problemas de autoestima”.
O progresso em direção à igualdade foi retardado, dizem os pesquisadores, devido ao retrocesso das políticas do governo Trump, que visam proteger as pessoas LGBTQs contra discriminação ou assédio.
O Departamento de Justiça anunciou, em julho do ano passado, uma reversão da postura do governo Obama de que as proteções aos indivíduos LGBTs deveriam ser cobertas pelas leis anti-discriminação no local de trabalho. E em fevereiro, o Departamento de Educação anunciou que estava removendo as regras da era Obama que exigiam que as escolas permitissem que os estudantes usassem os banheiros que correspondessem às identidades de gênero.
Menos da metade dos estados (19, incluindo o Distrito de Columbia) têm leis anti-bullying que protegem os alunos LGBTQs de serem vítimas de bullying com base na orientação sexual ou identidade de gênero, e 13 estados promulgaram leis que proíbem a discriminação contra estudantes LGBTQs , incluindo acesso a instalações, equipes ou clubes.
“Essas estatísticas angustiantes [na pesquisa] mostram a rejeição devastadora por parte de familiares e colegas, intimidação e assédio, e a apatia que muitos adultos estão tendo com os jovens americanos”, disse o presidente da HRC, Chad Griffin, em um comunicado. “Quando esta administração rescinde a orientação para proteger os estudantes transexuais, ou quando os legisladores tentam conceder uma licença para discriminar em escolas, faculdades e universidades, isso devasta ainda mais o frágil cenário que esses jovens veem em todo o país. Agora, mais do que nunca, é crucial para cada um de nós fazer tudo o que pudermos para proteger os jovens LGBTQs e garantir que eles se sintam valorizados, iguais e amados ”.

Sobre Redação

O EmpoderadXs é um site de informação e opinião voltado para as minorias sociais