Respeito a diversidade é plano de fundo da origem de Aquaman

Depois de tanto bater cabeça tentando estabelecer um universo compartilhado para seus personagens no cinema, parece que finalmente a DC Comics resolveu dar um passo de cada vez para tornar seus heróis parte de uma mesma história cinematográfica, como a concorrente Marvel faz a mais de 10 anos. Depois de Mulher-Maravilha, é a vez de Aquaman ter sua origem detalhada.

No filme conhecemos Arthur Curry (Jason Momoa), mais conhecido como Aquaman, um homem rude e sem muito traquejo social, que vive com seu pai num canto isolado de seu pais, mas quando ele se depara com Mera (Amber Heard), descobre que ele terá uma jornada muito importante para o futuro de Atlantis, terra natal de sua mãe, a rainha Athanna e também da Terra, local de origem de seu pai.

O roteiro segue o formato “padrão” da jornada do herói e da trama que mostra a origem desse personagem, com suas qualidades e defeitos típicos. De forma resumida, a história consegue prender a atenção porque encontra meios para conduzir o espectador para a trajetória que envolve o grande objetivo do personagem, mas nesse caminho algumas subtramas acontecem apenas para esticar a história sem grande relevância para o enredo principal. O arco dramático que apresenta o herói encontra espaço para deixar mensagens importantes sobre a preservação da natureza, principalmente da água do planeta, falar sobre a discriminação sobre o diferente e sobre o autoritarismo, tudo isso sem ser panfletário, o discurso encontra espaço dentro da mitologia clássica da história dos quadrinhos.

Um erro recorrente em filmes de super-heróis é a motivação do vilão, no Aquaman existem dois vilões, e em ambos os casos eles apresentam boas motivações para suas ações, Orm vivido pelo Patrick Wilson (Sobrenatural), quer dominar a terra e os mares para tentar controlar a destruição da natureza, mas ele quer tal resultado com atitudes autoritárias, já o Arraia Negra tem uma história de vingança com o herói (precisa assistir para entender), ainda que tenha relevância, não tem grande profundidade porque a história foca na construção do Aquaman como o rei dos mares, (mas futuramente pode acontecer).

James Wan (Invocação do Mal) famoso pelas obras de terror, dirige o filme e encontra na narrativa o equilíbrio perfeito entre ação, humor e momentos dramáticos, ele leva o publico a mergulhar no grande momento que cerca o Arthur, que esta prestes a se tornar de fato o Aquaman. Apesar disso, o grande acerto é no resultado satisfatório para uma aventura que tem grande parte de sua ação debaixo da água, existe coerência de movimentos e um cuidado impressionante na direção de arte para dar a quem assisti a sensação de ver a história de fato no fundo do mar, mesmo com elementos fantásticos e de cores berrantes, o visual subaquático é de encher os olhos!

Jason Momoa (Liga da Justiça) repete com grande competência o papel que já havia feito na Liga da Justiça, a rusticidade que o personagem apresenta cai muito bem para o ator, mas ele acaba mesmo chamando atenção nas poucas cenas de drama. Há muita verdade no olhar, nessas cenas pontuais, o que torna ainda mais carismático o resultado de sua atuação. Vale mencionar ainda a grande presença cênica de Amber Heard (Machete Mata) que vive a Mera.

Contrariando alguns céticos, Aquaman é empolgante em sua aventura, e muito relevante em seu discurso.

Sobre Kadu Silva

Publicitário, administrador e cinéfilo desde sempre. Fundador e redator responsável pelo site Ccine10, o cinema como você vê, desde 2009.