Peça sobre direito dos animais promove adoção de cães à cada sessão

Benjamin, estreia dia 16 de janeiro no Viga Espaço Cênico. Ao final de cada sessão, o cachorro que esteve em cena, será colocado para adoção.

O espetáculo de teatro Benjamin é inspirado na relação do dramaturgo Arthur Haroyan com seu cachorro, Raffi abordando temas como a falta de leis que defendam os animais, precariedades dos abrigos e questões como eutanásia, sacrifício e qualidade de vida.

O espetáculo mais recente do grupo ARCA conta a história do cachorro Benjamin (Mário Goes), um vira-lata que promove mudanças profundas na vida de Berta (Júlia Marques), mulher que o adota após ser traída pelo marido, Noah (Lisandro Leite), durante sua lua de mel em Istambul.

Com a chegada de Benjamin, o público passa a assistir a visão que Berta projeta sobre o animal. Nele, Berta vê um ser humano ideal, que é cuidadoso, otimista, poético, respeitoso e companheiro, tornando-se assim uma metáfora que ilustra sentimentos verdadeiros e o amor genuíno, muito presentes no comportamento dos cachorros.

Quando Noah reaparece, Benjamin logo passa a ser assistido pelo público sob a ótica do homem, tomando então uma forma não apenas animalizada, mas triste e solitária, já que o cachorro é menosprezado por ele. “Berta enxergava em Benjamin algo que devia existir nos seres humanos, mas normalmente não existe. Já Noah traz uma outra camada, e logo o assunto central da peça se torna a confiança traída, o abandono e os maus tratos aos animais”, conta Arthur, que também assina a direção da trama.

Benjamin, que até então interagia, conversava e até dançava valsa com Berta, é deixado de lado, perdendo sua voz e todas características que a relação com a mulher o conferiam. “Benjamin sofre questões ligadas à indiferença do ser humano, tornando-se assim um representante de vários outros animais que passam por situações semelhantes”, completa o artista.

A encenação da peça é realista, exceto pela própria composição do personagem canino, que ganha um figurino futurístico alterado de acordo com a mudança de olhares dos humanos sobre ele. Apesar de não haver nenhum indicativo exato sobre o tempo em que a peça se passa, Benjamin tem ambientação inspirada nos anos 40, com referência ao cinema mudo, à filmografia de Charlie Chaplin e a estrutura do jogo de xadrez, com peças brancas e pretas que se colidem e se misturam durante a partida.

O cenário é composto por muitos elementos geométricos e brancos, que vão tomando outras cores após a entrada de Benjamin e mudam novamente depois do retorno de Noah”, conta Arthur. O dramaturgo e diretor explica que a chegada de Noah ‘suja’ o ambiente, como se ele trouxesse uma atmosfera venenosa e pesada a um espaço que havia sido colorido por Benjamin.

Ao fim de cada sessão, o cachorro que será posto para adoção só entra em cena após o encerramento do espetáculo. É como se o ator que interpreta a personagem do cachorro durante a peça se transformasse no cãozinho que estará lá para ser adotado.

Serviço
De 16 de janeiro a 28 de fevereiro.
Quartas e quintas, às 21 horas.
Local: Viga Espaço Cênico (R. Capote Valente, 1323 – Pinheiros)
Ingressos*: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).
Vendas online: https://www.sympla.com.br/espetaculo-benjamin__428640
Capacidade: 73 lugares.
*Quem doar 1 Kg de ração, tem direito a pagar meia-entrada.
**Quem doar 2 Kg de ração, tem direito a entrada franca.

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