Galpão Bela Maré lança exposição online pautando favelas e periferias como territórios de potência

Rio de Janeiro – Com patrocínio do Itaú, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o Observatório de Favelas, a partir do Galpão Bela Maré, em parceria com a produtora Automatica, lança, no próximo dia 14 de julho, a exposição Travessias 6 – Colaborações. Em sua sexta edição, por conta da pandemia de COVID-19, o Travessias acontecerá em formato totalmente online na plataforma www.travessias.org.br. A partir do tema Colaborações, coletivos de artistas irão expor virtualmente os seus trabalhos. A Noiva, Rato BranKo, Rato Preto, Trovoa e Ventura Profana são os coletivos e artistas convidados. Keyna Eleison e Luiza Mello assinam a curadoria da exposição.  

“Estamos muito felizes com a possibilidade de construir a partir do patrocínio do Itaú a sexta edição deste projeto especial, que inaugurou o Galpão Bela Maré. O Travessias tem tudo a ver com a disputa política e de narrativa que historicamente fazemos no Observatório: buscando ampliar os sentidos de cidade e pautando favelas e periferias como territórios de potências e direitos. Nos reinventamos frente à pandemia e esperamos que o público se surpreenda e aprecie. Sem colaboração e sem arte, certamente estaríamos mais perdidos e tristes do que nunca!”, afirma Isabela Souza, diretora do Observatório de Favelas.

Escritora, pesquisadora, professora do programa gratuito da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e uma das curadoras desta edição do Travessias, Keyna Eleison, fala sobre os desafios de realizar uma exposição de maneira remota “Encaramos a possibilidade de não parar pela distância. Apreender o possível e aprender no contexto de auto-invenções. Não somos revolução se não abraçamos a possibilidade do errar e voltar e seguir”.

Luiza Mello, diretora da Automatica Produtora, parceira do Observatório de Favelas no Galpão Bela Maré desde 2011, e uma das curadoras desta edição do Travessias retoma a história do projeto e o quanto o conceito de colaborações sempre esteve presente. “A realização do Travessias ao longo de tantos anos só foi possível através da colaboração de pessoas e organizações que acreditam no papel central da arte na ampliação das possibilidades existenciais de múltiplos grupos sociais. A sexta edição faz referência tanto a agrupamentos e experiências coletivas quanto ao encontro entre os artistas e os frequentadores do Galpão”.

Cada semana será dedicada ao trabalho de um dos coletivos convidados. Na semana final, haverá encerramento com a participação da equipe do educativo do Galpão Bela Maré, além de performances musicais. A exposição virtual ficará no ar de 14 de julho a 29 de agosto. Toda programação é gratuita. 

Conheça mais sobre os artistas da exposição

A Noiva 

A Noiva (2017) é uma Igreja do Reino da Arte que realiza ações religiosas em nome da Altíssima Arte. Fundada no Rio de Janeiro por seus fiéis e artistas plásticos Edu de Barros, Maxwell Alexandre e Raoni Azevedo. Para ativação da prática Divina como um ritual, A Noiva materializa-se a partir do momento em que dois ou mais fiéis se reúnem para confraternização e adoração da arte.

A Igreja do Reino da Arte é uma influência do movimento neopentecostal que atua em cultos em nome da Noiva. Se tratando de uma religião de matriz populista, a igreja faz um paralelo ao circuito artístico, como peregrinações que locomovem obras pelas cidade e oferecem 10% de sua produção atual como Dízimo

Rato BranKo

Rato BranKo é uma dupla—formada pelos artistas Cabelo e Raul Mourão—que vem atuando desde maio de 2011, quando realizaram a exposição “Cabelo apresenta Mc Fininho e DJ Barbante no Baile Funk (Gentil) Carioca” na galeria A Gentil Carioca, no Rio de Janeiro.

No dia 3 de março de 2016 a dupla inaugurou o espaço Rato BranKo, um misto de produtora / laboratório experimental focado na realização de filmes, músicas, exposições e objetos de arte, localizado na Rua Joaquim Silva 71, na Lapa.

Rato Preto 

Rato Preto é um coletivo da espécie fantasma que é acordado em momentos específicos e inconvenientes. Seus integrantes Leonardo Rack e Raphael Cruz, realizam ações artísticas afirmativas e críticas que dialogam com o seu território e a cidade do Rio de Janeiro.

Desde 2017, os dois artistas trabalham juntos em home estúdio na Baixa do Sapateiro, Favela da Maré. Rato Preto é um ateliê aberto de circulação de pessoas, artistas, de criação de redes, debates, grupo de estudos, produção, criação de pensamentos, etc. 

Trovoa 

O grupo Trovoa nasce de um ateliê compartilhado pelas artistas Ana Almeida, Ana Clara Tito, Carla Santana e Laís Amaral, em Niterói no ano de 2017. A partir deste espaço físico de criação visual, intelectual e afetivo compreendemos as singularidades de um coletivo formado por mulheres racializadas no universo artístico. Defendendo a ideia de um grupo não homogêneo, Trovoa galga um espaço de liberdade subjetiva onde as expectativas e limitações do sistema legítimo de arte não sejam um enquadramento possível.

Ventura Profana  

Filha das entranhas misteriosas da mãe Bahia, donde artérias de águas vivas sustentam em fé, abunda. Ventura Profana profetiza multiplicação e abundante vida negra, indígena e travesti. Rompe a bruma: erótica, atômica, tomando vermelho como religião. Doutrinada em templos batistas, é pastora missionária, cantora evangelista, escritora, compositora e artista visual, cuja prática está enraizada na pesquisa das implicações e metodologias do deuteronomismo no Brasil e no exterior, através da difusão das igrejas neo-pentecostais.

Serviço
Travessias 6 – Colaborações
De 14 de julho até  29 de agosto 
No site www.travessias.org.br  
e nas redes sociais no Galpão Bela Maré
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