Tudo o que você precisa saber sobre Prevenção Combinada para HIV

Além da popular camisinha, existem muitos outros meios de se prevenir do HIV e das demais ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis); Nosso médico compartilha as opções que existem hoje para a sua proteção

A prevenção do HIV e outras ISTs demanda estratégias que vão muito além do uso isolado do preservativo, que, apesar de ser um método amplamente conhecido, não se mostrou 100% efetivo nos últimos anos no combate para reduzir a taxa de incidência (novos casos) de HIV na população. 

Isso ocorre porque é muito improvável que uma única estratégia, isoladamente, seja aplicável a todas as pessoas ou situações.


Quais são essas outras estratégias?


– Programas de redução de danos para usuários de drogas injetáveis, como fornecimento de seringas e agulhas descartáveis para uso único;

– Rastreamento do HIV em gestantes para prevenção da transmissão vertical (de mãe para filho);

– Testagem frequente de toda a população sexualmente ativa (recomenda-se ao menos 1x/ano) nos serviços de saúde pública;

– Tratamento de todas as pessoas vivendo com HIV (pessoas em tratamento regular bem sucedido não transmitem – o famoso Indetectável = Intransmissível);

– Vacinação para Hepatite B e HPV;

– Profilaxia Pós-Exposição (PEP), um conjunto de medicações usadas para prevenir a infecção por HIV após uma relação desprotegida pontual e;

– Profilaxia Pré-Exposição (PREP), que surgiu mais recentemente e segue levantando polêmicas. Vamos nos estender um pouco sobre a PREP.

A PREP, que foi lançada originalmente sob o nome comercial TRUVADA, é a combinação de duas medicações já usadas para o tratamento de HIV que, quando consumida diariamente por pessoas HIV-negativas é capaz de prevenir a infecção.

Essa estratégia é recomendada, segundo a Organização Mundial da Saúde, para grupos que apresentam maior risco de exposição ao HIV: pessoas em relacionamento sorodiscordante (um HIV+ e outro HIV-), profissionais do sexo e todos os homens que fazem sexo com homens (HSH).

Porque todos os HSH?

Considera-se que, a nível de população, a camisinha de forma isolada não fornece proteção suficiente devido a alta prevalência de HIV neste grupo e diversas situações que ocorrem com frequência na vida real:

– Rompimento de preservativo;

– Esquecer a camisinha por transar sobre o efeito de álcool, drogas ilícitas ou simplesmente TESÃO;

– Começar a transar sem camisinha com um namorado sem antes fazer testes de ISTs

– Transar sem camisinha com um namorado que não mantém relações sexuais desprotegidas apenas com você;

– Abandono do uso de preservativo por desconforto ou diminuição do prazer sexual.

Com a implementação da PREP no estado de São Paulo, pela primeira vez desde 2006 voltamos a ter uma queda considerada relevante na incidência de HIV (dois anos seguidos). Ou seja, podemos responder com simplicidade a pergunta:

“Por que precisamos de PREP se existe a camisinha?”:

Porque a prevenção combinada, como política pública, apresenta resultados superiores ao uso isolado de preservativo

Existe alguma preocupação social, com certas pitadas de moralismo, acerca da questão das outras ISTs em usuários de PREP.

Sobre isso, cabe lembrar:

– O programa de prevenção combinada estimula o uso de preservativo + PREP;

– Pessoas em uso de PREP tem consultas médicas e exames a cada três meses, ou seja, 4x mais frequentes que o recomendado para a população geral, permitindo a detecção precoce e tratamento dessas infecções,

– A autonomia do paciente é uma prerrogativa do atendimento em saúde.

Ao profissional cabe orientar, dando ferramentas para avaliar e gerir os riscos, não julgar ou decidir pelo paciente.

Se restaram dúvidas sobre prevenção combinada, sinta-se a vontade para comentar abaixo e batemos um papo. 🙂

Sobre Leonardo Carvalho

Médico do Esporte por formação, atuando também em Dor Crônica e Reabilitação. Catarinense radicado em São Paulo. Adepto do amor livre. Profundamente liberal nos costumes.