Orgasmo feminino | Até quando o prazer das mulheres será negligenciado?

Dia do Orgasmo no dia 31 de Julho é comemorado o dia do Orgasmo, mas será que as mulheres tem motivos para comemorar?

Se você colocar a palavra ORGASMO no Google, as matérias em maior evidência serão relacionadas à dúvidas voltadas a mulheres: “Será que eu já tive um orgasmo?” ou “Como alcançar um orgasmo?”.

Em pleno século XXI, onde tantos conceitos são desembaraçados aos poucos, ainda vemos mulheres amarradas à uma cultural patriarcal e machista quando o assunto é Prazer Feminino.
Analisando esse tema, vemos que muitas mulheres foram – e ainda são – usadas para apenas proporcionar prazer, e não para sentir prazer. Isso se perpetua na cultural pornográfica, que muitas vezes expõe a mulher a situações desconfortáveis com o propósito de fazer o homem gozar, mesmo que para isso a mulher tenha que fingir seu próprio prazer.

Pesquisas já apontaram dados alarmantes onde quase 80% das mulheres não gozam, e que lésbicas são muito mais felizes sexualmente do que mulheres heterossexuais – afirmando mais uma vez o enaltecimento do homem durante a relação e a desvalorização do prazer Feminino em uma relação entre homem x mulher.

São diversos os motivos que podem levar uma mulher a fingir um orgasmo: medo de ferir o ego masculino, ou porque fora ensinada que fingir deixa o homem com mais tesão, ou até mesmo por achar que tem algum “problema” com seu corpo. Todas essas opções acompanham um fardo sobrecarregado de imposições, inseguranças e falta de informação.

Pensando nisso, alguns Sex Shops do Reino Unido instituiram o Dia do Orgasmo no dia 31 de Julho de 1999, com dois intuitos: discutir sobre a dificuldade do aproveitamento sexual da mulher e para aumentar as vendas. Perceberam que muitas muitas achavam o sexo sem graça e não tinham vontade de ter relações com o parceiros. Após muitas discussões viram a importância de quebrar o tabu sobre a prática da masturbação para autoconhecimento. Existe uma maravilha chamada Clítoris na parte de cima da vagina, com pequenos lábios que formam um “V” e ele tem apenas uma função: dar prazer. Nem sempre – quase nunca – a penetração será o motivo de um orgasmo, a estimulação do clítoris e zonas erógenas do corpo produzem uma resposta sexual que em seu ápice, fará a mulher tem um maravilhoso orgasmo.

Se atente nas próximas dicas para entender melhor seu corpo e o orgasmo.

1 – Nunca devemos comparar o nosso prazer com o prazer da amiga, temos corpos diferentes e as sensações também podem ser diferentes.

2 – Ter um relacionamento saudável ajuda muito. Não se culpe e nem finja que está bom, se não estiver converse com jeitinho para que a relação melhore para os dois.

3 – Desapegue de filmes pornôs, aquilo não tem nada a ver com o sexo de verdade. Muitos filmes são direcionados à fetiches e dominação do homem. Gritos e gemidos exagerados não são expressões obrigatórias de um orgasmo, quebre essas imposições curtindo o momento com carinho e entrega de ambos.

4 – Conheça seu prazer. Entender seu corpo e os processos que te levam à um orgasmo faz com que seja mais fácil identificar se vocês estão no caminho certo na hora H.

Essas dicas servem de empurrãozinho para que você se sinta livre para curtir seu corpo, contudo, ainda não temos a resposta de quando nosso prazer será aceito sem julgamentos. Por mais que as mulheres tenham dado um grande passo na cura de muitas inseguranças, enfrentamos uma dura luta contra o conservadorismo, o patriarcado e o machismo.

Informação e conhecimento são essenciais para você se sentir a vontade e sem peso na consciência. Respeitar suas vontades na hora H mudará sua relação com seu corpo, te levando a sensações incríveis. Aproveite todos os dias.

 

Sobre Mell Gomes

Diferente de Belchior, adora uma teoria, mas concorda quando ele cita em "Alucinações" que amar e mudar as coisas interessam mais. Professora, programadora e paulistana. Atualmente reside em Jundiaí/SP. Insiste na disseminação da informação de forma didática e acessível. Idealizadora do projeto Foi abusivo porque, que abre espaço para debates transparentes sobre temas direcionados à mulher e relacionamentos afetivos