A importância da representatividade na construção de novas perspectivas para os negros

A história de que não havia apresentadora negra, paquita negra, desenhos com negros nos anos 80/90 é conhecida de todos nós.

O termo representatividade começou a fazer sentido quando paramos de nos calar diante daquilo que sentíamos:

“Por que alisar o cabelo sendo que meu cabelo é lindo cacheado?”

“Por que nesse desenho todas as crianças são brancas?”

“Por que todas as empregas dessa série são negras?”

Por que o negro só é ou jogador de basquete ou bandido?”

O questionamento é o primeiro passo para o entendimento. E quando começamos a compreender que existimos e temos voz, temos vidas, histórias pra contar, buscamos representatividade.

A gente quer se ouvir, chega dessa coisa de “ele é branco mas canta como um negro”!

O que mais temos por aí são negros e negras talentosíssimos que  merecem nossa atenção. Eles enriquecem a arte, algo que fortalece a luta e mostra que sim, você pode ser o que você quiser. E não estou falando só da parte artística, não. Incluo também aqui, professores, médicos, presidentes, chefs de cozinha.

O que acontece é a falta de oportunidade, a falta de condições para que negros consigam chegar nesse patamar. Os obstáculos são muitos, desde a situação econômica a social. Mas é necessário um movimento de revolução. E ela acontecendo desde o fim do apartheid em 1994. Se assomando sobre nós, dando força áqueles  ue se encontram no caminho buscando motivos  ara continuar. Vira e mexe você vê a foto de uma pessoa negra assumindo os cachos, se formando na faculdade, alçando uma promoção na empresa… E assim as coisas vêm acontecendo.

Essa mudança se reflete em alguns âmbitos, como em How Get Away With Muder assistimos Viola Davis ser uma bitch de marca maior, mas temos uma protagonista negra,  papel sendo o carro chefe da trama e sem contar também Shonda Rhimes, que é A MULHER DAS SÉRIES, só tem sucesso. Sendo um deles HGAWM, em que é produtora executiva da série. Além disso o  prestígio todo que ela tem por Greys Anatomy e a recém encerrada Scandal fez com que ela assinasse um contrato com a Netflix deixando assim a ABC.

Voltando á Viola, no discurso do Emmy 2015 em que ganhou por interpretar Annalise Keating em HGAWM, ela falou de forma poderosa:

Em minha mente eu vejo uma linha e depois dessa linha vejo campos verdes, lindas flores e belas mulheres, mulheres brancas com seus braços esticados para mim, mas por algum motivo ão consigo chegar lá, eu não consigo me ver do outro lado daquela  linha (…) a única coisa que separa mulheres negras de qualquer outra pessoa, é a oportunidade. Você não pode ganhar o Emmy por papéis que não existem (…)”

É um discurso intenso, cheio de paixão, muita gratidão, mas também uma forma de protesto para que haja mais papéis para mulheres negras, e dizer que existem mulheres negras maravilhosas por aí, que merecem papéis igualmente maravilhosos e devemos dar atenção á elas.

E para mostrar o quanto estamos cada vez mais lutando pelos nossos direitos (e assim sendo tem um pessoal dizendo aí que somos mimimizentos, problematizadores, já houveram conversas até de esquecermos o tempo de escravidão e tipo, move on, superarmos (!) e seguirmos em frente por que afinal são outros tempos, uhum, são sim. Tá bom!) temos  Childish Gambino com um grande time (daquelas pessoas que só conhecemos em meio a uma grande confusão ou desgraça como Marielle Franco que aposto que algumas pessoas só a conheceram depois que a perdemos. Tinha feitos consideráveis e  alguns de nós soubemos de sua existência apenas  depois que foi engolida pela violência e corrupção de cada dia) lançou um clipe controverso, polêmico, inclusive acusado de plágio, mas que tem tantas minúcias que foram sendo descobertas como forma de denúncia, de protesto, de força… De expor tantas coisas que vemos por aí diariamente e estão sendo normalizadas,mas que  um grupo acha que é papinho. Donald Glover (Childish Gambino) é o Lando Calrissian da nova saga de filmes de uma das maiores franquias mundiais: Star Was! Só que o cara já tinha feito zilhares de coisas legais: escreveu a série  30 rock com Tina Fey, atuou  na comentadíssima Community, tem um álbum lançado em 2011 e Atlanta que lhe rendeu dois Emmy´s por melhor ator e melhor direção em série de Comédia. O cara já “mitava” e hoje tem o merecido reconhecimento. E você goste ou não, aqui, as estruturas já estão sendo chacoalhadas com Erika Januza sendo  uma juíza, Lázaro Ramos e Thaís Araújo eram negros bem sucedidos na música, vivendo uma história com muita música, conflitos,na grande produção Miste Brau.

E foi a gente que pediu sim: Michelle Obama não precisa do Barack, estudou em Princeton, Havard e já havia trabalhado em uma prefeitura;Serena Willans, colecionadora de títulos;em um esporte dominado por brancas, passou por um parto complicado e ao ganhar o segundo lugar mostrou que as mães podem voltar sim aos seus trabalhos, e inclusive dedicou o prêmio ás  mamães. Denzel Washington além de ser um bastião do cinema e de representatividade, pagou os estudos para Chadwick Boseman, o Pantera Negra. Lupita  Nyon´go, ganhadora de Oscar, cotada para diversos filmes, um ícone de representatividade, escolhida a mulher mais bela do ano de 2015 pela revista People. Danai Gurira com um personagem de destaque em uma série conhecida; Conceição Evaristo, escritora vendo seu nome cogitado para Academia Brasileira de Letras…

Dá muito orgulho, muita gente construindo um futuro melhor entre marcas de chibata e preconceito velado que nos impede de crescer e querendo fazer acontecer um mundo em que a cor da pele não te dê defeitos ou atribua coisas erradas a você.

Tem uma frase que sintetiza bem esse momento:

“A casa grande pira quando a senzala aprende a ler”.

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