Livro resgata história de homossexuais nos campos de concentração nazistas

Recém-lançado no Brasil, o livro do escritor Ken Setterington, “Marcado pelo Triangulo Rosa”, trata dos cerca de 40 mil alemães homossexuais presos ou mortos em decorrência de uma lei que permitiu aos nazistas fazer uma caçada aos gays no país e que permaneceu em vigor décadas após a queda do Terceiro Reich vigorando até 1990.
O Parlamento alemão aprovou em 2017 o perdão a dezenas de milhares de homens homossexuais presos por conta dessa lei.
Este capítulo do Holocausto permaneceu oculto por muitos anos e veio à tona com a publicação dos primeiros relatos de vítimas em meados dos anos 1970. Mas está caindo no esquecimento para as novas gerações, diz Ken Setterington, autor do livro que trata da opressão e perseguição vivida por gays durante o regime de Hitler.
O título do livro faz referência ao símbolo usado nos uniformes para identificar homossexuais em campos de concentração.
Trabalhando em uma biblioteca pública em Toronto, no Canadá, o escritor, que é ativista gay, notou em suas conversas com jovens que quase nenhum deles sabia o significado do triângulo rosa.
Usado nos primeiros protestos LGBT, o símbolo perdeu aos poucos espaço para a bandeira do arco-íris. “A bandeira representa a diversidade e é mais inclusiva. É bom que seja popular, mas precisamos nos lembrar de quem foi assassinado por sua homossexualidade”, diz Setterington.
Historiadores não têm pistas de o que levou à escolha do triângulo rosa para identificar homossexuais, principalmente homens, pois lésbicas não sofreram o mesmo grau de perseguição durante o regime nazista e, quando eram presas, eram normalmente como antissociais, um tipo de detento identificado por um triângulo negro.
Uma vez nos campos, gays recebiam um tratamento cruel. Cabiam a eles os piores trabalhos, diz o escritor canadense. Eram mantidos em barracões separados e discriminados pelos outros prisioneiros.
O número exato de pessoas que foram mortas pelo regime nazista é controverso, isso porque muitos documentos ainda estão sendo descobertos. Estima-se que 100 mil homossexuais foram presos e entre 5 e 15 mil foram para os campos de concentração, onde, de acordo com a estimativa 60% deles morreram.
Nem mesmo o fim da guerra acabou com o sofrimento desses prisioneiros saíam dos campos de concentração para ir parar direto atrás das grades. Calcula-se que 50 mil homens homossexuais alemães tenham sido condenados entre 1949 e 1969.
Setterington diz que o perdão do Estado alemão, concedido à absoluta maioria deles de forma póstuma, demorou muito tempo. Hoje, a tolerância é maior, mas a Alemanha nazista prova que as coisas podem mudar da noite para o dia.
“O ódio e o medo do diferente persistem. Temos de estar sempre vigilantes.“afirma o autor.

Sobre Nelson Granja

Paulistano. Formado em Comunicação Social. Já fiz de tudo um pouco nesta vida e ainda tem muita novidade para aprender. Admiro todas as formas de expressão cultural, mas são as artes visuais (Cinema, Teatro, TV, Séries, Artes Plásticas e Fotografia) que me fascinam. Sou G no LGBTQ+