O Musical da Passarinha | Criado com Libras e audiodescrição espetáculo estreia no Teatro Sérgio

Espetáculo infantil trata de temas como encontros e despedidas, realização de sonhos e a descoberta da própria voz. Para contar a história, o elenco precisou estudar como tornar as artes cênicas mais acessíveis e inclusivas

Pensado para discutir e promover o acesso de todas as pessoas – com ou sem deficiência – ao teatro, ‘O Musical da Passarinha’, com texto, letras e direção geral de Emílio Rogê,estreia com temporada híbrida no Teatro Sérgio Cardoso,a partir do dia 19 de fevereiro (confira as datas a seguir).Os arranjos e a direção musical são de Eric Jorge, que assina as músicas ao lado de Kiko Pessoa.

A temporada presencial acontece entre os dias 19 de fevereiro e 10 de abril, com sessões aos sábados e domingos, às 15h (exceto nos dias 26 e 27/2, quando não há espetáculo). Às sextas, estão programadas apresentações gratuitas, exclusivas para escolas e instituições que atendam crianças com deficiência.Todas as sessões presencias contam com interpretação em Libras e audiodescrição.

Já a temporada digitalda peça tem início no dia 26 de fevereiro e segue até o dia 10 de abril. As sessões acontecem aos sábados e domingos, às 15h. Com relação à acessibilidade, as apresentações com tradução em Libras ocorrem em todos os sábados e com audiodescrição só aos domingos (entre 13 de março e 10 de abril).

“Estamos contando uma história que leva em consideração a vontade de chegar ao maior número de crianças possível, pensando em suas singularidades e necessidades. Foi preciso inventar uma nova gramática teatral, em que nenhum sentido seja destacado em detrimento de outro. Como cantar para quem não ouve? Aprendemos Libras! Como mostrar a encenação para quem não vê? Estamos conhecendo e entendendo a audiodescrição. Assim, formatamos o texto para todas essas linguagens, que, para nós artistas, são pouco conhecidas. E é nosso dever aprendê-las”, conta Rogê.

O professor de Libras, inclusive, tornou-se parte do elenco. Harry Adams é um ator surdo, muito apaixonado pelas artes cênicas, que tem sido fundamental no processo de criar um espetáculo totalmente inclusivo. Juntam-se a ele os atores e atrizes Júlia Sanchez, Ananza Macedo, Stacy Locatelli, Felipe Hideky, Luísa Grillo e Daniel Costa.

Na trama, o público conhece personagens delicados e sonhadores: a menina Rita deseja conhecer o teatro, mesmo vivendo em uma cidade onde não existe o palco; sua mãe Carmen gostaria de voar; e seu melhor amigo Miguel, que é surdo, quer dançar.

Certo dia, algo milagroso acontece, e esse trio recebe a visita de uma cantora de ópera. Depois desse encontro, a vida ganha outros contornos e voos, convidando os espectadores a descobrir e a imaginar novas possibilidades.

Por meio de uma narrativa delicada, o musical evoca questões sobre a acessibilidade no teatro. Afinal, quais elementos básicos são necessários para que uma peça aconteça? O ponto de partida para a construção do espetáculo foi uma reflexão do escritor português José Saramago (1922-2010): “e se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?”.

Ao mesmo tempo, “O Musical da Passarinha” é uma declaração de amor ao teatro. “Eu acredito muito nessa linguagem, que mudou os rumos da minha vida. Falar de teatro com as crianças é falar de uma esperança crítica. Uma reflexão sobre quem somos e o que podemos ser. Quero que elas desejem de coração estar no teatro, sentindo-se em casa dentro dele, sem qualquer tipo de exclusão”, completa.

E, em um país onde apenas 23,4% das cidades possuem teatros, sendo que a maioria delas fica na região Sudeste – de acordo com dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais divulgada pelo IBGE em 2015 –, é preciso discutir essas questões. Emílio Rogê está interessado em atrair as pessoas para esse lugar.

“Quero que todos e todas enxerguem o teatro como esse espaço anárquico das vozes que vão ser ouvidas e enxergadas, cada uma a sua maneira. É um tempo de narrativas singulares, mas que se nutrem em comunidade”, afirma.

SERVIÇO

O MUSICAL DA PASSARINHA
Teatro Sérgio Cardoso
 – Sala Paschoal Carlos Magno – Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista | São Paulo – SP

Temporada presencial: 19 de fevereiro a 10 de abril, aos sábados e aos domingos, às 15h | Não acontecem apresentações nos dias 26 e 27 de fevereiro | Todas as sessões presenciais contam com acessibilidade em Libras e audiodescrição
Projeto Escola: Às sextas-feiras, as sessões são gratuitas e exclusivas para escolas e instituições que atendem crianças deficientes. (os agendamentos são feitos pelo e-mail agenciadramatica@gmail.com)

Temporada online: 26 de fevereiro a 10 de abril, com apresentações aos sábados e domingos, às 15h | Com relação à acessibilidade, as apresentações com tradução em Libras ocorrem em todos os sábados e com audiodescrição só aos domingos (entre 13 de março e 10 de abril)
Ingressos:
 Temporada presencial: R$40 (inteira) e R$20 (meia-entrada) | Temporada digital: $40 (inteira), R$20 (meia-entrada) e R$10 (contribuição social) | Atenção: é importante se atentar à diferenciação entre os ingressos das sessões presenciais e digitais no momento da compra. | Compre o ingresso aqui
Classificação: Livre
Duração: 50 minutos

Sobre Emílio Faustino

Formado em jornalismo, atua na área há mais de 15 anos. Amante da sétima arte, no YouTube apresenta o canal EmpoderadXs onde entrevista atores, diretores e ativistas. Atuou em empresas como Rede Globo e UOL, sempre com enfoque em cultura e ativismo. É diretor executivo e fundador do site EmpoderadXs, onde promove a união de minorias sociais e realiza seu sonho de dar voz para quem precisa.