Universidade brasileira é a terceira no mundo a livrar paciente do vírus HIV

Resultado obtido no país tem importância histórica por ser o primeiro de sucesso contra o HIV que não envolve transplante de medula.

Em pesquisa global realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), paciente tem vírus do HIV eliminado do organismo através de tratamento medicamentoso. O paciente de 35 anos, foi diagnosticado com a doença em 2012. Estratégia do estudo foi de aumentar e intensificar o tratamento com o antirretroviral, medicamento usado por pacientes soropositivos.

A frente da pesquisa está o infectologista Ricardo Sobhie Diaz, diretor do Laboratório de Retrovirologia do Departamento de Medicina da instituição. O estudo feito na Unifesp teve 30 voluntários no início. Todos apresentavam a carga viral do HIV indetectável, que é quando o tratamento do antirretroviral consegue reduzir a quantidade de HIV no sangue para níveis não aparentes em testes laboratoriais.

Os indivíduos foram divididos em seis grupos onde cada um recebeu uma porção de medicamentos, numa quantidade maior que a do tratamento normal.

O grupo que mostrou um resultado positivo tomou dois antirretrovirais a mais que as outras pessoas que estavam participando do estudo. A droga chamada dolutegravir e maraviroc, força o vírus a surgir, fazendo com que ele saia do estado indetectável. Através disso, ele é destruído pelos medicamentos.

Segundo a Unifesp, outras substâncias que foram usadas na pesquisa aumentaram os efeitos do tratamento, a nicotinamida e a auranofina. O tratamento do paciente brasileiro com antirretrovirais começou em 2012, dois meses após ser detectado com o HIV. Durante o processo do estudo, que começou em 2014, ele tomou os medicamentos durante 48 semanas. Após 14 meses, o vírus não foi mais detectado em seu organismo.

A grande vantagem desse estudo é que o resultado veio com medicamento oral. Os outros casos de cura conhecidos pela medicina, foram através de um transplante de medula óssea.

Esse é outro avanço da medicina, que ao longo da procura pela cura da doença que assolou o mundo no final do século XX, já conseguiu curar três pacientes. O “paciente de Berlim” e o “paciente de Londres”, passaram por um transplante de medula óssea. O HIV necessita de uma proteína que esteja no sangue para se reproduzir e algumas pessoas não a produzem devido a uma mutação genética rara que as deixam imunes ao vírus.

A estratégia é encontrar um doador de medula que não tenha a proteína que o HIV precisa para se acoplar em seu corpo, para que esse novo sistema imunológico possa criar um mecanismo de defesa que elimine o vírus, destruindo o sistema original do paciente infectado.

O outro caso conhecido como o “paciente de Düsseldorf”, cidade Alemã, também passou pelo mesmo processo de transplante de medula.

Atualmente, o maior desafio para encontrar a cura é descobrir uma maneira de alcançar o reservatório de células inativas nas quais o vírus fica indetectável, ou adormecido, onde os medicamentos atuais não conseguem agir. No entanto, é notório que a latência viral é um processo que pode ser revertido e o HIV pode voltar a se multiplicar na falta do tratamento com antirretroviral.

Por isso, é importante manter a terapia para que a eficácia da medicação seja atingida em paciente soropositivos.

Foto de capa: MANJUNATH KIRAN / AFP

Sobre Luiz Fernando Figliagi

Estudante de comunicação social em Ribeirão Preto. Jornalismo por amor e cinema como sonho, vibrei muito quando Parasita venceu o Oscar. Amante de Friends, fã de Harry Potter e músico nas horas vagas. Faço parte dos 5,5 milhões que não tem o registro do pai biológico no RG.