Cresce o número de mulheres assassinadas no Brasil com isolamento social, revela estudo

O isolamento social tem agravado casos de violência doméstica no país, só no primeiro semestre do ano 189 mulheres foram assassinadas dentro de suas próprias casas

A pandemia do novo coronavírus trouxe desafios coletivos e escancarou dramas individuais. De acordo com um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública baseado em dados de 12 estados, o número de feminicídios teve um aumento de 2,2% entre março e maio desse ano, num total de 189 mulheres assassinadas, em relação ao mesmo período de 2019.

Em contrapartida, os registros policiais relacionados a lesão corporal dolosa e compilados pelo Fórum, registraram uma queda de 27,2%, o que pode significar um impedimento da mulher de comunicar a agressão. Dentro do quadro da quarentena, o violentador pode facilmente impedir a vítima de buscar uma delegacia ou qualquer outro tipo de ajuda.

O psicanalista Ronaldo Coelho, mestre em psicologia pela USP, explica como as diferenças sociais e a nova realidade podem agravar uma situação pré-existente:

“Há famílias que estão em uma casa com um ou dois cômodos com três crianças, um homem violento que não está trabalhando e a ameaça da fome batendo à porta. Em outras, mesmo sem filhos, o casal não passava tanto tempo junto no mesmo espaço. A questão é que com o isolamento se cria uma sensação de não se ter para onde correr”, afirma.

A coordenadora do Coletivo Violeta, ONG que fornece apoio a mulheres vítimas de violência doméstica, Karina Prevides, confirma essa situação:

“Nós do Coletivo estamos levando cestas básicas até as casas de algumas cadastradas e, muitas vezes, o marido não deixa que passemos da porta, para que não haja constatação da violência sofrida pela mulher”, declarou a cooordenadora.

Karina explica que, para esses casos extremos, elas contam com o apoio de um agrupamento do Corpo de Bombeiros da zona leste de São Paulo. Caso haja evidências de agressão, eles conseguem entrar na residência e fazer o registro da ocorrência.

Canais de Denúncia:

Para denunciar um caso de agressão que esteja em andamento, qualquer um pode discar 190. Já o 180 (Disque-Denúncia) pode ser usado para registrar anonimamente uma suspeita de violência doméstica recorrente. E agora, para aqueles que residem na cidade de São Paulo, o 156, central de atendimento da prefeitura, também pode ser utilizado para realizar um pedido de ajuda. Uma equipe foi treinada especialmente para atender esse tipo de chamada.

Ainda na cidade de São Paulo, caso a mulher agredida decida e consiga ir pessoalmente solicitar auxílio, basta se dirigir à Casa da Mulher Brasileira, no bairro do Cambuci, a qualquer dia da semana, o atendimento é 24 horas.

A organização oferece denúncia no posto da polícia civil, apoio jurídico, psicossocial e, em casos mais graves, elas são encaminhadas para casas de passagem, juntamente com os filhos, para se isolar do agressor enquanto as providências são tomadas.

Sobre Nubia Del Santos

Jornalista por formação, curiosa por natureza. Redatora e assessora de marketing digital. Louca por viagens, cinema, livros, teatro e gatos. Chef na sua cozinha. Acredita no poder do amor e da comunicação para transformar o mundo.