Primeiro boxeador transgênero vence em sua estreia nos ringues contra homem cis

Boxeador norte-americano fez história ao se tornar o primeiro homem trans a lutar em uma competição profissional nos EUA tendo como oponente um homem cis

Na noite do último sábado, dia 09, o boxeador norte-americano Pat “Cachuate” Manuel, 34 anos, tornou-se o primeiro homem transexual a encarar uma competição profissional nos EUA com um homem cis, Hugo Aguilar. A luta que o boxeador enfrenta fora dos ringues lhe proporcionou a enfrentar e vencer essa competição ocorrida em Fantasy Springs Casino, no estado da Califórnia.

Num misto de coragem e empoderamento, Pat Manuel foi vaiado pelo público participante ao adentrar no ringue, mas isso não tirou seu foco principal: mostrar que existem espaços e admiradores a serem conquistados. Segundo ele, “ouviu que alguns fãs não estão felizes” (…) e, para isso, “Vou voltar e fazê-los felizes”.

Foi no ringue que o boxeador teve seu reconhecimento, em vitória por decisão unânime. Manuel disse que seu oponente o respeitou e percebeu que não houve tratamento diferente por ser um homem trans, esta competição permitiu reconhecê-lo por quebrar mais esse estigma. Aguilar, o adversário derrotado, declarou “Tiro meu chapéu para ele. Ele veio para lutar. Ele estava lutando comigo o tempo todo. Ele lutou comigo como homem e eu tenho muito respeito por ele”.

Ao final da luta, sendo declarado como campeão, Pat Manuel considerou engraçada sua estreia vitoriosa ser histórica simplesmente pelo fato de viver a sua verdade. Para chegar onde chegou, ele encontrou dificuldades por conta das lesões que sofreu, por não encontrar adversários. Agora, o caminho percorrido lhe possibilitará novas oportunidades e conquistas.

“Eu só preciso dizer a todos que estiveram juntos nessa jornada por uns seis anos, muito obrigado”, disse Manuel. “Eu não poderia estar aqui sem você. Eu realmente precisava desse apoio para ajudar a me levar até este ponto … Há tantas pessoas que só queriam que eu estivesse aqui, e estou tão feliz que posso me apresentar para elas. Eu não estou aqui apenas para um show, mas para uma luta. Isso é algo que eu amo. Eu não terminei minha carreira neste esporte. Eu voltarei.”

Patricio Manuel, 33 anos, decidiu transicionar hormonalmente há cinco anos, quando foi expulso do clube onde treinava após o dono do espaço descobrir sua orientação sexual.

Após algum tempo, já no processo de transição,  seu treinador à época se afastou e alguns amigos deixaram de ser próximos , mas não perdeu o apoio de sua mãe, Lorena Buttler, sua grande e principal incentivadora. Para não se deixar abalar, terminou sua carreira enquanto atleta feminina e permitiu-se viver sua verdade, que o fez lutar pelas conquistas pessoais e profissionais.

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