29% dos LGBTI brasileiros votaram em canditados homofóbicos; aponta pesquisa

Enquanto no Brasil 29% dos eleitores votaram no candidato declaradamente homofóbico. Nos EUA, 82% dos eleitores LGBTI votaram à favor de políticos que defendem a pauta LGBTI

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Historiador aponta que na comunidade LGBT a ascensão de gays voltados para esta posição política conservadora é motivada pela falsa percepção de pertencer a uma elite masculina dominante.

Samuel Huneke, professor de história da Universidade de Stanford nos Estados Unidos, analisou os dados eleitorais de 14 eleições em cinco países ocidentais: EUA, Reino Unido, França, Alemanha e Brasil.

Ele descobriu que nos EUA, as pessoas LGBTI apoiam o Partido Democrata. Mas, o segmento G da sigla – os gays – são mais propensos do que o eleitorado geral em apoiar partidos conservadores ou de extrema-direita do que em outros países ocidentais.

“Os eleitores LGBT em outros países, fora dos EUA, são menos propensos a apoiar o partido conservador (ou, em alguns casos, a extrema direita) em uma média de apenas 7%”, escreveu Huneke na publicação “L.A. Review of Books”.

“E quando você olha apenas para homens homossexuais, os resultados são ainda mais impressionantes. Em outros países, os homens gays são, em média, mais propensos do que o eleitorado geral a apoiar o partido conservador ou de extrema-direita”.

Em 2018. nas eleições nos EUA, 82% dos eleitores que se identificaram como LGBTI votaram no Partido Democrata que tem como filosofia uma linha política de centro-esquerda, com a plataforma voltada para o liberalismo social, defendendo políticas de economia mista e justiça social seguidos de afro-americanos.

Mas “praticamente em nenhum outro país grupos LGBT e partidos de esquerda forjaram uma aliança tão duradoura ou frutífera quanto nos Estados Unidos”.

“Na grande maioria dos países ocidentais, partidos de direita com discursos abertamente homofóbicos desfrutam de apoio considerável entre os eleitores homossexuais”, escreveu Huneke.

Por exemplo, no Brasil, 29% dos eleitores LGBTI votaram no candidato notoriamente homofóbico Jair Bolsonaro que em seu primeiro dia de mandato, retribuiu o apoio retirando os direitos LGBTI das diretrizes de Direitos Humanos e nomeou para assumir o ministério referente a pasta Damares Alves, evangélica e conhecida por inúmeras pregações nas quais declara sua homofobia.

Na França, uma pesquisa de 2015 mostrou que 26% dos eleitores homossexuais e bissexuais masculinos apoiaram a candidata conservadora homofobica Marine Le Pen. Considerando que apenas 16% dos eleitores declaradamente heterosexuais a apoiaram. A pesquisa também mostrou que, 38% dos casais homossexuais votaram no partido Le Pen, a Frente Nacional de extrema-direita. Mas apenas 29% dos casais heterossexuais fizeram o mesmo.

Huneke argumentou que os homens gays votando mais por partidos conservadores “faz um certo grau de sentido”.

“Dotados do direito de casar e não mais sobrecarregados por leis de preconceito ou listas negras. Com a possibilidade de altos cargos em empresas, os gays começaram a votar mais como conservadores e machistas, ponto final.  “, escreveu Huneke na conclusão de sua pesquisa.

“Lésbicas e indivíduos trans, que ainda enfrentam considerável preconceito e até mesmo barreiras legais, têm mais a ganhar apoiando partidos de esquerda e mais com o triunfo da oposição”.

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