Angels in America | Épico teatral que explora a AIDS na década de 80 reestreia no Teatro Sérgio Cardoso

O espetáculo Angels in America, versão cênica de Paulo de Moraes para a obra-prima de Tony Kushner, faz temporada no Teatro Sérgio Cardoso de 1º a 16 de fevereiro, sábados e domingos. A montagem é dividida em duas partes que serão apresentadas uma em sequência da outra: O Milênio se Aproxima acontece às 17h e Perestroika às 20h.

Considerada por muitos estudiosos como o texto teatral mais importante dos últimos 50 anos, Angels in America é um díptico escrito por Tony Kushner no início dos anos 1990, conquistando os principais prêmios da dramaturgia americana, como o Tony Award, Drama Desk Award e Pulitzer Prize. A montagem de Paulo de Moraes é a primeira que apresenta a peça integralmente no Brasil.

Angels in America se passa na década de 1980, em Nova York, durante a chamada Era Reagan e quando a AIDS assola a cidade como uma espécie de epidemia. Mas Nova York aqui pode ser qualquer um desses lugares densamente povoados, lotados, onde é fácil pensar que a pessoa ao seu lado no metrô ou no elevador, ou mesmo na cama, pode estar do outro lado do mundo.  Há uma pressa, uma urgência, nesse ir e vir constante da grande cidade que parece não permitir o tempo estendido de se conectar ao outro. Mas, apesar e por conta disso, as personagens arrebatadas de Tony Kushner – cheias de dor, medo e uma frágil esperança – tentam fazer contato dentro deste abismo.

“É um épico teatral em duas partes. É uma peça especial, imensa, um mergulho no final do século XX, mas que – diante do colapso em que o mundo se encontra hoje – revela uma atualidade esmagadora. Angels in America reflete sobre o mundo ocidental,  sobre religiões, política, relações afetivas, sexo, medo da morte, covardia, crueldade, História. Há um sentido de devastação se alastrando por toda a peça. Mas o resultado cênico é um movimento constante, personagens se fazendo vivos por estarem em movimento”, comenta o diretor Paulo de Moraes.

“Embora haja um cheiro de realidade permanente, a nossa montagem não é nada realista. Usamos um espaço nu, aberto. E pairando sobre esse espaço aberto, um grande teto branco, uma espécie de asa geométrica, como um anjo pairando sobre a História. Fora isso, usamos pouquíssimos elementos em cena, para que os corpos dos atores sejam determinantes pra narrativa e a imaginação do publico seja cúmplice e finalizadora do acontecimento estético”, conclui Moraes. Angels in America foi adaptada para a televisão pela HBO em 2003, resultando numa minissérie de sucesso, com um elenco estelar liderado por Al Pacino e Meryl Streep.



Sinopse curta
Angels in America se passa na década de 1980, em Nova York, quando a epidemia de AIDS assola a cidade. Mas Nova York, aqui, pode ser qualquer um desses lugares densamente povoados, lotados, onde é fácil pensar que a pessoa ao seu lado no metrô ou no elevador, ou mesmo na cama, pode estar do outro lado do mundo. Considerada por muitos estudiosos como o texto teatral mais importante dos últimos 50 anos, Angels in America é um díptico escrito por Tony Kushner no início dos anos 1990. Composto de O Milênio se Aproxima (parte 1) e Perestroika (parte 2), o texto de Angels in America  recebeu os principais prêmios da dramaturgia americana, incluídos aí os prestigiados Tony Award, Drama Desk Award e Pulitzer Prize.

Sobre a peça e as personagens
Deus abandonou o paraíso. Na terra – mais especificamente na cidade de Nova York – um novo profeta está para surgir. O ano é 1985, o milênio se aproxima rapidamente, e Prior Walter (Jopa Moraes) é o profeta que se erguerá dos destroços deste terrível século. Mas ele tem problemas maiores. Com apenas trinta anos, acaba de ser diagnosticado com AIDS. Seu namorado, Louis (Felipe Bustamante), é incapaz de lidar com a progressão dos sintomas. O vômito, as feridas, a doença o apavoram de tal modo que ele decide se mudar e deixa Prior. Sozinho no apartamento, Prior – o profeta – tem sonhos febris onde ouve uma voz angelical que chama por ele.

Paralelo a isso, o famoso advogado Roy Cohn (Sérgio Machado) – uma figura que realmente existiu – também recebe de seu médico a notícia de que está com AIDS.  Perverso e ultraconservador, esconde sua homossexualidade e sua doença. Por mais temido e influente que seja em todo o país, é a primeira vez que Cohn se depara com algo que não pode controlar.

O pupilo de Roy, Joe (Ricardo Martins), é mórmon e trabalha no Tribunal de Apelação como chefe de gabinete há cinco anos. Roy oferece a ele um cargo importante no Departamento de Justiça em Washington, para que Joe o beneficie em um processo que visa expulsar Cohn da Ordem dos Advogados. Joe se vê dividido entre a carreira e seus princípios éticos. Além disso, seu casamento com Harper (Lisa Eiras) não vai nada bem. A criação religiosa fez com que Joe nunca assumisse sua homossexualidade e, para aplacar a depressão da relação, Harper ingere quantidades enormes de Valium, buscando refúgio em suas alucinações. Num momento de crise, Joe liga para a mãe, Hannah (Patrícia Selonk), e conta para ela que é gay.

Hannah o repreende veementemente durante a ligação, mas dias depois vende a casa em Salt Lake City, onde morava, e chega em Nova York para descobrir que o filho sumiu. Ele deixa Harper para viver com Louis – que trabalha no tribunal como digitador – a sexualidade que sempre reprimiu. Joe – advogado, mórmon, republicano – personifica a América que Louis abomina, mas um improvável elo se forma entre eles, uma paixão sexual e poderosa.

Prior está desolado sem alguém do seu lado. Perdeu muitos amigos para a AIDS nos últimos tempos e teme ser o próximo. No auge da doença e da febre, um Anjo desce dos céus e aparece em seu quarto. O Anjo (Marcos Martins) é de certa forma assustador. Ele explica que o movimento da espécie humana – sua incapacidade de se manter parada, de não se misturar – seria a causa dos males do mundo e do desaparecimento de Deus. Prior é o escolhido para restabelecer a paz, cessando todos os movimentos migratórios da humanidade. Ele faz de tudo para rejeitar sua profecia, se torna progressivamente mórbido e amargurado, causando preocupação em seu amigo Belize (Zéza), que tenta ajudá-lo a lidar com a rejeição de Louis e a cuidar da saúde debilitada.

Belize é enfermeiro e trabalha no turno da noite no hospital em que Roy é internado. Negro, gay e ex-drag queen, conhece bem as feridas  profundas causadas pelo avanço da política e do pensamento neoliberal defendidos por Roy Cohn. Isolado e enfraquecido, Roy recebe a visita de uma velha conhecida, o fantasma de Ethel Rosenberg (Patrícia Selonk), que foi condenada à cadeira elétrica nos anos 50 graças à influência do advogado nos anos do Macarthismo. O que fazer diante de um sofrimento arrasador? Como sobreviver a uma época monstruosa? É preciso parar ou devemos manter as nossas vidas em constante movimento?

SERVIÇO
Angels in America
Quando: 1 a 16 de fevereiro de 2020. Sábados e domingos, 17h (O Milênio Se Aproxima) e 20h (Perestroika)
Ingressos:
Plateia VIP – R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (estudantes, professores e idosos e moradores da Bela Vista).
Plateia – R$ 50,00 (inteira) e R$ 25 (estudantes, professores e idosos e moradores da Bela Vista).
Balcão – R$ 40 (inteira) e R$ 20 (estudantes, professores e idosos e moradores da Bela Vista).
Classificação: 16 anos.
Duração: 140 minutos (O Milênio Se Aproxima) e 160 minutos (Perestroika).
Capacidade: 827 pessoas, sendo oito espaços para cadeirantes (Sala Sérgio Cardoso).


Sobre Emílio Faustino

Formado em jornalismo, atua na área há mais de 15 anos. Amante da sétima arte, no YouTube apresenta o canal EmpoderadXs onde entrevista atores, diretores e ativistas. Atuou em empresas como Rede Globo e UOL, sempre com enfoque em cultura e ativismo. É diretor executivo e fundador do site EmpoderadXs, onde promove a união de minorias sociais e realiza seu sonho de dar voz para quem precisa.