Justiça? Acusados de matar Dandara são condenados. Penas variam de 14 a 21 anos

Depois de mais de 15 horas de julgamento, um tribunal do júri popular, considerou culpados os primeiros cinco réus responsáveis pela tortura e execução de Dandara Kethlen. Os jurados, cinco mulheres e dois homens, concordaram, ontem no Fórum Clóvis Beviláqua, com a tese da acusação que sustentou que o assassinato da travesti, ocorrido em fevereiro de 2017  em Fortaleza. A morte foi decorrente de um “concurso de agentes” e motivado também pela transfobia. Os acusados foram condenados por crime triplamente qualificado: sem chance de defesa à vítima, motivo torpe e crueldade. Enquanto espancavam Dandara, um dos acusados filmou o crime com um celular, imagem que foi compartilhada em redes sociais.
De acordo com o promotor de Justiça Marcus Renan, “todos os criminosos que participaram do espancamento à retirada da vida de Dandara, cada um a sua maneira, concorreram para o crime de homicídio na medida culpabilidade de cada um”.
O assassinato da filha de Dna. Francisca Ferreira Vasconcelos, 75, de acordo com o promotor de Justiça, começou a se desenhar quando Dandara foi levada do Conjunto Ceará para o Bom Jardim. A partir daí se pelo menos 12 pessoas se uniram para promover tortura, escárnio, linchamento e a eliminação dela. foi agredida com socos, chutes e golpes de pau e pedra. “Inventaram que ela havia roubado no bairro e, pela lei do tráfico e das facções, teria sido condenada à morte. Até hoje não apareceu uma única vítima do roubo nem o objeto roubado”, afirma.
Eles confessaram participação na agressão contra Dandara, mas negaram a intenção de matá-la.
Dos 12 acusados de participar do crime, quatro são menores que cumprem medida socioeducativa. Dois estão foragidos. Um deles, Júlio Cesar Braga, conseguiu ser retirado do julgamento por falta de provas. Outros cinco foram julgados nesta quinta.
As penas, variam de 14 a 21 anos de prisão. Somadas alcançam 83 anos . Mas, de acordo com a justiça brasileira, os condenados só cumprirão 1/3 do tempo da pena. Depois disso eles tem direito automatico de progressão de pena, podendo passar para regime semi aberto ou até a liberdade.
Pouco antes do início do julgamento, cerca de 30 representantes do movimento LGBT realizaram uma manifestação na rampa de acesso ao Fórum Clóvis Beviláqua e pediram pela condenação de todos os réus, incluindo aqueles que ainda aguardam julgamento ou continuam foragidos. Mas também houve cobrança por outras demandas do movimento no Estado.
“Esse julgamento não minimiza a transfobia e os casos de LGBTfobia no Ceará. Para além do julgamento, estamos aqui para exigir políticas públicas que venham a enfrentar essa violência no Ceará”, afirmou o coordenador político do Grupo de Resistência Asa Branca (Grab), Dário Bezerra.
No Ceará, somente este ano, já houve cinco homicídios contra essa população, sendo dois em Fortaleza e outros três em Maranguape, Pacajus e Barbalha. No ano passado, segundo dados do Centro de Referência LGBT Janaína Dutra, da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social de Fortaleza, o Estado registrou 32 mortes.

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